Cegueira empática
Ultimamente, as coisas tem feito menos sentido pra mim.
Surgiu um drama na minha rua que parece não ter fim.
Fui na casa da minha vizinha para pedir-lhe um pouco d’água,
Só não esperava me deparar com uma incoerência árdua.
Entrei e ela me disse para ir à geladeira me saciar.
Enquanto pegava um copo ouvi a moça gritar:
“Meu amigo, você só pode estar desequilibrado!”.
E com um pulo ela veio e parou ao meu lado.
Disse que isso de tirar a água da jarra era loucura,
Pois uma vez que daquela forma saísse, perderia sua
estrutura.
Não entendi muito bem o raciocínio que ela tinha em sua
mente,
Daí perguntei: “água não é água em qualquer recipiente?”.
Assustada, evocou Deus e pôs ordem na brincadeira.
Disse que o Todo Poderoso fez somente a jarra e a torneira.
Mas... oras! Tudo que foge disse só pode ser safadeza!
Depois dela falar, fiquei abismado com sua extrema certeza
A única coisa que importava para ela era a aparência.
Idolatrava a forma, mas ignorava a essência.
Queria inevitavelmente racionalizar a reles sede,
Mesmo que isso generalizasse tudo como uma rede.
O intuito dela era usar a razão para entender a vida.
Pouco muda se em alguns isso causasse uma ferida.
Espero que um dia a empatia a cure dessas besteiras,
Pois limitar a essência da água a forma da jarra é, sem
dúvida, a pior das cegueiras.
Vítor Hugo Cordeiro - aluno do 1º ano de Direito - diurno
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