Antes de tudo devemos considerar que a teoria
aqui apresentada recebe o nome do Filósofo Karl Marx, mas seria um “pecado” não
considerarmos que junto com Marx outro importante nome se destacou na
consolidação e estruturação da doutrina marxista, Engels. Depois desta ressalva
comecemos a abordagem dos principais pontos da obra marxista.
Marx começa seu texto postulando que a
sociedade em que vivemos não consegue atingir um grau de equilíbrio tão
desejado e fundamentado na doutrina positivista de Comte. Na realidade todas as
instituições sociais favorecem o ambiente dialético. Mas o que quer dizer isso?
A sociedade não é um equilíbrio de forças, mas sim uma confrontação de extremos,
uma confrontação de valores; toda a ideia de classe social nos auxilia na compreensão
deste constante embate valorativo do universo sociológico. A doutrina marxista
realmente acaba buscando exemplificar a sociedade como fruto de uma dialética
materialista, que será explicada mais abaixo.
Temos que compreender que o maior objetivo de
Marx e Engels eram emancipar a sociedade humana das garras do capitalismo e de
suas relações de capital que aprisionavam o homem em uma “falsa igualdade”.
Temos que compreender também que os dois estudaram muito as instituições do
passado. Juntando estes dois pontos, Marx empreende um elogio muito grande ao
iluminismo, pois a partir daquele movimento houve uma grande ruptura com a
filosofia feudal passada. O maior objetivo da teoria marxista é como se
inspirada do iluminismo, retirar o homem das influências do capital, da
mentalidade burguesa, das liberdades de mercado e dos privilégios de classes. A
grande falha do iluminismo, segundo Marx, é que apesar da quebra com os
paradigmas do passado feudal, ao clamar por liberdade, eles se limitaram à
liberdade econômica; a uma igualdade para poucos, sem haver liberdade e
igualdade plena. O socialismo para Marx (e aqui conseguimos compreender que o
Direito também) deveria passar desses paradigmas, e ir mais além. A burguesia
ao quebrar os privilégios feudais acaba por criar os seus.
No momento em que Engels e Marx escrevem,
outros doutrinadores do socialismo “utópico” ganham força em alguns países.
Marx e Engels fazem uma dura crítica a esses “charlatões” que tentavam mostrar
que o socialismo surgiria de mentes capazes, de inteligentes; diziam que o
socialismo iria brotar da razão naturalmente, e por isso foram taxados como
“utópicos”. Para os “utópicos” o socialismo seria uma interpretação ideal da
sociedade, eles não se concentravam na realidade, não tinham como objetivo a
formação do socialismo como ciência, mas queriam apenas mudar o mundo. Para
Engels o socialismo na realidade surgiria a partir da história, da dialética
materialista, da interpretação social, do real. Marx e Engels entendiam o
socialismo como uma ciência positiva (este positivo não é o mesmo no sentido
dado por Comte), que se diferenciaria da metafísica e da utopia, conseguindo se
aproximar do real, da interpretação sistemática da realidade social. Somente
através da ciência, da razão e da interpretação da realidade é que o socialismo
conseguiria modificar todas as estruturas sociais daquele momento. É por esse
motivo que o socialismo marxista é considerado científico, por possuir ele um
rigor científico muito grande.
Marx e Engels acreditam que a metafísica estava
ultrapassada para o pensamento socialista. Através do socialismo utópico, o
indivíduo perdia a noção do conhecimento como “um todo”, focando apenas em um
determinado aspecto. Já o socialismo que nasce com eles – o socialismo
científico – quer buscar a compreensão do todo e de tudo dentro da realidade
social para assim melhor poder fazer conhecimento científico, indo além da
compreensão metafísica. O socialismo utópico deve dar lugar ao socialismo
científico, afinal eles queriam provar que o socialismo não é simplesmente
fruto de uma ideia imaginária; não é fruto de uma palavra profética, mas da
realidade social. É por este motivo que o socialismo científico de Marx como
método se mostra muito atual.
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