Ao longo da história, é possível analisar que todas as
grandes revoluções possuíram, como ator principal, uma determinada camada ou
classe social. Para realizar a Revolução Comunista, Marx afirma, em O Manifesto do Partido Comunista, a
necessidade da união de todos os operários para tal objetivo. Não é a toa a
célebre frase que encerra a obra: "Proletários
de todo o mundo, uni-vos".
Atualmente, no século XXI, a atualidade de Marx se evidencia
ao percebermos que os problemas enfrentados no século XIX continuam sendo os
mesmos de hoje: a intensa desigualdade social, a concentração fundiária e a
exploração do trabalhador pelas grandes corporações. A única diferença é que,
naquela época, inflamada pelos discursos de Marx e Engels, a classe operária se
enxergava como um coletivo, com as mesmas dificuldades e com os mesmos
objetivos. Hoje, com a ascensão dos meios de comunicação e transportes, que
deveria proporcionar um enrijecimento dessas relações de união, isso não mais
se verifica. O operário passou a se enxergar apenas como indivíduo, e não pertencente à algum grupo em especial,
em condições semelhantes. O que esse operário vê, hoje, como essencial,
influenciado pela propaganda capitalista, é a busca pelo sucesso pessoal,
profissional e financeiro, visando poder comprar algo que o aproxime das
classes altas da sociedade: um carro bom, uma roupa de marca, um aparelho
eletrônico de última geração. O operário olha o outro operário não mais como um
semelhante, e sim como um rival no sonho de enriquecimento, acentuando ainda
mais o individualismo e criando uma competição entre eles.
As discussões e reflexões frente às condições de vida desse
trabalhador contemporâneo são escassas. A ordem posta se encontra tão intacta
que não há sequer, em devaneios do pensamento, uma tentativa de quebrá-la ou
alterá-la. O homem, em geral, se curva à ela, e não ao contrário.
Fernando Augusto Risso - Direito diurno
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