Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 19 de julho de 2015
Marxismo na atualidade: luta de classes.
"A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes."
De uma forma ou de outra, explicitamente ou implicitamente, durante toda a História da humanidade houve a luta de classes. Patrício e plebeu, proprietário e servo, mestre de corporação e companheiro. Como é dito na obra "O Manifesto Comunista", essa luta de classes acarretou sempre em uma transformação revolucionária ou na destruição das classes em conflito. Embora pensadores e personalidades neoliberais afirmem que a luta de classes é uma invenção ou que esta não existe mais, é só olhar ao redor para encontrá-la.
Luta de classes é quando jovens da periferia são proibidos de entrar em shopping centers e o mesmo não acontece para jovens universitários da classe média (Shopping barra jovens da periferia, mas libera 'rolezinho' de alunos da USP). Luta de classes é quando medem a competência e inteligência a partir da origem socioeconômica dos indivíduos (vide os insultos direcionados a Lula e a aprovação imediata de Aécio Neves, que pertence a uma família de políticos). Luta de classes é quando os estilos musicais tidos como "bons de verdade", "de qualidade" nunca vêm da periferia, mas sim dos centros, das capitais, da elite. O funk não é considerado cultura, nem ao menos música, até ser apropriado pela elite branca e colonizadora. O samba só se torna "música de verdade" quando perde suas origens populares e se adentra no ambiente da elite. Luta de classes é o fato de que "o ladrão de seis galinhas tá no presídio, o banqueiro tá livre porque tem endereço fixo".
Dessa forma e, principalmente com a negação de sua existência, a luta de classes causa o ódio de classes. Enquanto, de um lado, há bordões como "eu tenho horror a pobre" (clássico da série Sai de Baixo, da Rede Globo), "espírito de pobre", "parece um baiano" (as opressões caminham juntas: luta de classes, racismo, xenofobia), "coisa de favelado". Do outro lado, há a violência direcionada: os "boy", as madames, os bairros nobres. Há um desprezo mútuo. Mesmo aquele que sai da periferia e supera as dificuldades financeiras, tendo um bom valor aquisitivo, não se vê como pertencente à elite: "você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você".
Assim, a luta de classes não só se perpetua na história como é potencializada pelo racismo, machismo, xenofobia. Considera não só a classe das pessoas, mas também, como em tempos medievais, o nascimento. O "novo rico" é alguém que, saindo de uma classe e adentrando em outra, conserva elementos desta e por isso é criticado por membros tradicionais da elite. Esse é só mais um exemplo do preconceito de classes no Brasil, país onde a população é extremamente colonizada, no sentido de não valorizar nada próprio, tendo um complexo de inferioridade.
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