Com
o próprio funcionamento, o processo capitalista de produz reproduz, portanto, a
separação entre a força de trabalho, perpetuando, assim, as condições de
exploração do trabalhador. Compele-se sempre o trabalhador a vender sua força
de trabalho para viver, e capacita sempre o capitalista a compra-la.
MARX,
Karl. O capital. Livro I. O processo de produção do Capital (Vol. II). Tradução
de Reginaldo Sant´Anna. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987. p. 672
O
capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição
de mercadorias são de propriedade particular. Nesse processo, as decisões
relacionadas à oferta, demanda, preço, distribuição e investimento não são
executadas pelo poder estatal, e sim pelos donos dos meios de produção, que
adquirem lucro e investimento em empreendimentos, pagando salários ao
proletariado que vende sua força de trabalho. Seu apogeu aconteceu durante a
Revolução Industrial nos séculos XVII e XVIII, no qual substituía todo o
sistema feudal e do Antigo Regime.
A
palavra portuguesa ´´capital´´ é derivada do latim capitale que é originado de capitalis
(´´principal´´, ´´primeiro´´) que por sua vez adentrou na linguística europeia
por meio do proto-indo-europeu com o vocábulo kaput, que significa ´´cabeça´´. O termo capitalismo foi inventado
posteriormente por intelectuais no século XIX, dentre esse pensadores, estão
Karl Marx e Friedrich Engels, que no Manifesto
Comunista (1848), utilizou o
vocábulo para designar os detentores da propriedade privada e de capital.
A
base do sistema capitalista é o acúmulo incontrolável de capital e, para
efetivar esse processo, é necessário não haver limites morais, políticos ou
mesmo religiosos que impeçam os proprietários de se entregarem a esse acúmulo.
Segundo Karl Marx, o único modo de alcançar essa meta seria por meio da
exploração trabalhista, que deve produzir ininterruptamente, em um tempo
reduzido e com ínfimas remunerações, de maneira que a mercadoria se encontre
mais barata e adquira mais lucro com sua venda.
Quando
o proletário é forçado a submeter a essa ordem capitalista de produção, ele se
aliena e perde sua essência humana, pois como o empregado participa apenas do
processo produtivo, ele torna uma peça da engrenagem que pode ser substituída a
todo instante. Dessa forma, ele vale apenas o salário referente a um trabalho
não qualificado, em que não lhe é obrigado a ter um conhecimento da totalidade
da escala produtiva. Por esses motivos, ele não se reconhece na mercadoria que
ele ajudou a produzir, perdendo, portanto, sua identidade enquanto indivíduo e
tornando um produto dentro dessa maquinaria que desumaniza o homem.
Uma
das ideias mais fascinantes marxistas trata da situação histórica, a qual pode
se modificar, marcado pela injustiça e exploração trabalhista. Segundo o seu
materialismo histórico, Marx defende que a realidade construiu ideias, isto é,
a consciência era uma consequência da realidade material individual.
Entretanto, essa realidade é resultado de uma longa construção humana e, dessa
maneira, para mudar as ideias, a consciência de uma sociedade, era necessário
transformar, inicialmente sua realidade.
Criticando
o socialismo utópico, que defende a necessidade de mudanças na sociedade, mas
não direciona um caminho para conquistá-la. Marx afirmava que os utopistas
acreditavam que a própria burguesia de forma gradual e pacífica e consciente da
exploração ajudaria na transformação do sistema.
Já
o socialismo científico defendido por Marx, expunha uma ideia oposta ao do
socialismo utópico. As mudanças sociais, para o filósofo alemão, se efetivariam
com a revolução proletária que alcançariam o poder por meio da força e
transformação da realidade, instaurando o socialismo. Depois de feito isso, o
objetivo seria implantar o comunismo, que se caracteriza por uma sociedade sem
classes, sem Estado e livre da opressão capitalista. Não haveria a
centralização do poder, entretanto a participação democrática e dos indivíduos
nas decisões sobre os rumos da sociedade e da economia. O socialismo seria
apenas uma transição ao sistema comunista, em que o proletariado alcançaria o
poder e formataria condições próprias para essa transição.
A
revolução proletária seria produzida pela contradição interna do capitalismo,
que, por ser um sistema que se fundamenta pelo acúmulo de capital a partir da
exploração trabalhista, traz consigo a semente de sua própria destruição.
Arthur
Resende
1º
ano Direito Noturno
Introdução
à Sociologia
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