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domingo, 19 de julho de 2015

Tempos Modernos


Com o próprio funcionamento, o processo capitalista de produz reproduz, portanto, a separação entre a força de trabalho, perpetuando, assim, as condições de exploração do trabalhador. Compele-se sempre o trabalhador a vender sua força de trabalho para viver, e capacita sempre o capitalista a compra-la.
MARX, Karl. O capital. Livro I. O processo de produção do Capital (Vol. II). Tradução de Reginaldo Sant´Anna. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987. p. 672

O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição de mercadorias são de propriedade particular. Nesse processo, as decisões relacionadas à oferta, demanda, preço, distribuição e investimento não são executadas pelo poder estatal, e sim pelos donos dos meios de produção, que adquirem lucro e investimento em empreendimentos, pagando salários ao proletariado que vende sua força de trabalho. Seu apogeu aconteceu durante a Revolução Industrial nos séculos XVII e XVIII, no qual substituía todo o sistema feudal e do Antigo Regime.

A palavra portuguesa ´´capital´´ é derivada do latim capitale que é originado de capitalis (´´principal´´, ´´primeiro´´) que por sua vez adentrou na linguística europeia por meio do proto-indo-europeu com o vocábulo kaput, que significa ´´cabeça´´. O termo capitalismo foi inventado posteriormente por intelectuais no século XIX, dentre esse pensadores, estão Karl Marx e Friedrich Engels, que no Manifesto Comunista (1848), utilizou o vocábulo para designar os detentores da propriedade privada e de capital.

A base do sistema capitalista é o acúmulo incontrolável de capital e, para efetivar esse processo, é necessário não haver limites morais, políticos ou mesmo religiosos que impeçam os proprietários de se entregarem a esse acúmulo. Segundo Karl Marx, o único modo de alcançar essa meta seria por meio da exploração trabalhista, que deve produzir ininterruptamente, em um tempo reduzido e com ínfimas remunerações, de maneira que a mercadoria se encontre mais barata e adquira mais lucro com sua venda.

Quando o proletário é forçado a submeter a essa ordem capitalista de produção, ele se aliena e perde sua essência humana, pois como o empregado participa apenas do processo produtivo, ele torna uma peça da engrenagem que pode ser substituída a todo instante. Dessa forma, ele vale apenas o salário referente a um trabalho não qualificado, em que não lhe é obrigado a ter um conhecimento da totalidade da escala produtiva. Por esses motivos, ele não se reconhece na mercadoria que ele ajudou a produzir, perdendo, portanto, sua identidade enquanto indivíduo e tornando um produto dentro dessa maquinaria que desumaniza o homem.

Uma das ideias mais fascinantes marxistas trata da situação histórica, a qual pode se modificar, marcado pela injustiça e exploração trabalhista. Segundo o seu materialismo histórico, Marx defende que a realidade construiu ideias, isto é, a consciência era uma consequência da realidade material individual. Entretanto, essa realidade é resultado de uma longa construção humana e, dessa maneira, para mudar as ideias, a consciência de uma sociedade, era necessário transformar, inicialmente sua realidade.

Criticando o socialismo utópico, que defende a necessidade de mudanças na sociedade, mas não direciona um caminho para conquistá-la. Marx afirmava que os utopistas acreditavam que a própria burguesia de forma gradual e pacífica e consciente da exploração ajudaria na transformação do sistema.

Já o socialismo científico defendido por Marx, expunha uma ideia oposta ao do socialismo utópico. As mudanças sociais, para o filósofo alemão, se efetivariam com a revolução proletária que alcançariam o poder por meio da força e transformação da realidade, instaurando o socialismo. Depois de feito isso, o objetivo seria implantar o comunismo, que se caracteriza por uma sociedade sem classes, sem Estado e livre da opressão capitalista. Não haveria a centralização do poder, entretanto a participação democrática e dos indivíduos nas decisões sobre os rumos da sociedade e da economia. O socialismo seria apenas uma transição ao sistema comunista, em que o proletariado alcançaria o poder e formataria condições próprias para essa transição.

A revolução proletária seria produzida pela contradição interna do capitalismo, que, por ser um sistema que se fundamenta pelo acúmulo de capital a partir da exploração trabalhista, traz consigo a semente de sua própria destruição.

Arthur Resende
1º ano Direito Noturno
Introdução à Sociologia





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