Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 29 de setembro de 2013

Raízes ascéticas

     Guardar, acumular, poupar... jamais desperdiçar. Um único dia de lazer e suposto divertimento é capaz não só de ser lucro perdido como também um grande gasto e um causador do rebaixamento da moral do indivíduo perante o grupo. Aqueles que gastam ao invés de poupar são vistos com desconfiança na medida em que são prováveis irresponsáveis e possíveis perdedores do tão valorizado dinheiro, logo de tempo. Nessa linha, tempo é dinheiro,dinheiro é tempo: ambos no capitalismo nascente, são repletos de avareza. A ânsia por aumentar suas fortunas, a vida ascética, o trabalho árduo e a esperança de ser o predestinado criam as raízes do que viria a ser o capitalismo.
     Há segundo os calvinistas, passagens bíblicas que justificam a busca por dinheiro ("Vês um homem diligente em seus afazeres? Ele estará acima dos reis."), no entanto, apesar de a ética protestante surgir com os calvinistas, ela se irradia para toda a sociedade com diferente espírito e sua adesão pela população ocorre pelas necessidades econômicas.
     Essa nova mentalidade que surge deve ser acatada pelos trabalhadores na medida em que a recusa em aceita-las pode jogá-los na rua ,sem emprego, e de forma a constituir o exército de reserva. O capitalismo atual domina a vida econômica, e outros vários outros âmbitos, educando e selecionando aqueles mais aptos e comportados mediante o trabalho.
     Esse novo sistema clama por regras éticas capazes de garantir uma sobrevivência digna. Em oposição, uma forma de reação é o tradicionalismo, no qual os trabalhadores, por exemplo, mediante o aumento do salário preferem trabalhar menos e ganhar a mesma quantia anterior a trabalhar mais para maiores lucros, pois prezam mais pelo necessário para a sobrevivência e por maior tempo livre. Enquanto o homem moderno necessita aumentar desenfreadamente a produtividade através, principalmente, do incremento da intensidade do trabalho humano.
     Enfim, percebe-se que o capitalismo já se desvinculou do aspecto religioso e hoje caminha por conta própria com tamanha força que prospera nas sociedades modernas. Embora aqueles que não queiram seguir seus ditames estejam fadados a exclusão, a maioria segue as regras e tenta prosperar.


    
Marcela Helena Petroni Pinca- direito diurno

Nenhum comentário:

Postar um comentário