Estudando Durkheim e alguns capítulos
de sua obra “A Divisão Social do Trabalho”, vemos que o autor distingue dois
tipos de solidariedades que dominaram as relações sociais antes e depois do
advindo da modernidade, a mecânica e a orgânica. Nestes tipos de relações
podemos compreender como as mudanças na sociedade, principalmente das novas
relações de trabalho, modificaram o jeito das sociedades interagirem-se e a
forma como elas se mantiveram com certa coesão até os dias de hoje.
Em um primeiro momento, nas
sociedades pré-modernas, as relações sociais mantinham-se com certa harmonia
devida a certa hegemonia ideologia e de trabalho que era imposta na sociedade para
que esta se mantivesse unida, e sendo assim, buscava-se punir o ser que vivesse
fora da esfera tida como a correta. Para essas pessoas “esquerdas”, a ação
punitiva contra elas seria a ideal para demonstrar que não se admitia seres que
destoassem do todo, e assim, prejudicassem o perfeito mecanismo social vigente.
Com a chegada da sociedade
moderna e a Revolução Industrial, na qual se alterou as relações sociais e de
trabalho, os membros da sociedade passaram a se especializar em uma função que
desempenhariam na esfera social, e assim, começou a haver uma maior
diferenciação dos seres que compõe a sociedade, fato este que aos olhos dos
defensores da “solidariedade mecânica” seria o inicio de um colapso na coesão
da sociedade. Porém, com essa nova forma de sociedade veio a “solidariedade
orgânica”, solidariedade esta que tal qual um corpo humano e seus órgãos, cada membro
da sociedade possui uma função que, só em uma perfeita união e solidariedade, o
todo sairia vivo e em perfeita ordem.
A modernidade e sua alta
diferenciação social trouxeram em sua bagagem normativa a possibilidade de um
Direito restitutivo, algo que possibilitasse o retorno do ser que tivesse saído
da perfeita harmonia sem necessariamente sofrer alguma medida severamente
punitiva, como em época contemporânea ao Código de Hamurabi. Porém, este
Direito restitutivo trás a discussão acerca se realmente é possível restituir
um ser que infringiu a ordem social, e assim, fazê-lo retornar a sua função
para um perfeito arranjo da sociedade.
Durkheim nos diz como se deu a coesão social em
diferentes momentos históricos e por que destas mudanças. Essas teorias sobre
tais motivos para a união da sociedade nos mostram o porquê que algumas vezes
nos deparamos com uma ira incontrolável de certas pessoas para com outras que
cometeram algum desvio, e assim, desestruturam a perfeita ordem e abriram uma
brecha para o declínio da organização da sociedade e a total anarquia. Todavia,
um tema para uma possível discussão seria se de fato esse pavor é justificado.
Deixamos essa indagação para cada um refletir e tomar para si uma resposta.
(MUNCH, Edvard. O Grito)
Nenhum comentário:
Postar um comentário