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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

De dentro para fora

            A crescente valoração da individualidade no mundo moderno - sendo apontada por muitos pensadores como um problema a ser ultrapassado - na verdade, aumenta a especialização do trabalho social, criando toda uma interdependência entre os indivíduos; Émile Durkheim chama essa interdependência de solidariedade orgânica. Ele também afirma que o direito é respeitado pela sociedade moderna por amor dos indivíduos por esta; mas será que esse sentimento seria realmente amor?
           Sendo o direito um reflexo da força da sociedade (tese criticada por muitos), com a especialização desta aquele também se especializa. Assim, o que pros modernos era o defeito do direito e da sociedade, acabou se transformando na força desse novo sistema. Porém, a preocupação do mundo moderno é muito maior com o real, com a propriedade, com a relação dos homens com as coisas, com o trabalho; isso juntamente com todo esse sistema complexo de interdependências causam uma injunção social, preenchida pelo direito pessoal, afastando de certa forma os indivíduos e sendo o elemento regulador das vontades das pessoas. O direito ao mesmo tempo engendra a ideia de solidariedade, e mantém a coesão social.
           Logo, se há respeito ao direito, há o interesse em manter a coesão social; entretanto, esse interesse advém de um sentimento de amor por essa sociedade? Talvez não. Pode ser que essa relação junte-se muito mais com a ação do direito pessoal, com o amor dos indivíduos pela própria individualidade; pelo interesse de que tudo funcione não para o bem geral da sociedade, não por amor ao geral; mas por amor ao individual, por amor a sí próprio. Este indivíduo se enxerga já engendrado dentro de todo esse sistema, e dentro dele tenta ascender.
           Sendo assim, talvez o respeito ao direito venha da visão de que este é uma forma de previnir que não se seja prejudicado, e por esse respeito individual de todos cria-se um respeito coletivo.



           Murilo Thomas Aires

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