Edmund
Burke, em seu livro “Reflexões sobre a Revolução em França”, faz uma análise
dos resultados da Revolução de 1789 para a França, e os critica duramente,
alegando que o rompimento com as bases históricas de formação do país tornaram
a revolução sem fundamento, sendo que a quebra com as tradições a deixou sem
rumo e acabou levando ao despotismo napoleônico.
Embora Friedrich Engels concorde que a Revolução
Francesa tenha fracassado em grande parte, acredita que foi por causa do
pequeno e recente proletariado, que ainda não era capaz de levar a cabo uma
revolução com tamanha magnitude. Segundo ele mesmo afirma em “Do socialismo
utópico ao socialismo científico”, “Todas as formas anteriores de sociedade e
de Estado, todas as leis tradicionais, foram atiradas no monturo como irracionais;
até então o mundo se deixara governar por puros preconceitos; todo o passado
não merecia senão comiseração e desprezo. Só agora despontava a aurora, o reino
da razão; daqui por diante a superstição, a injustiça, o privilégio e a opressão
seriam substituídos pela verdade eterna, pela eterna justiça, pela igualdade
baseada na natureza e pelos direitos inalienáveis do homem.”
Analisando
a afirmação pode-se inferir que para Engels todos os governos são irracionais a
menos que não reconheçam autoridade exterior de nenhuma espécie, submetendo a
religião, a concepção de natureza, a sociedade e a ordem estatal à crítica mais
impiedosa; uma vez que tudo quanto existe deve se justificar através da razão
ou renunciar a continuar existindo.
Mas o que
é a Razão para que tudo conteste? O Homem é fruto não só da razão, mas também
em grande parte de suas emoções e instintos, que não podem ser desconsideradas
na análise e justificação da realidade. Acreditar que o Homem é só razão é
também utópico e impeditivo, uma vez que tira parte do seu caráter humano.
Dessa forma, desconsiderar tradições, religiões e a forma de se organizar de
uma dada sociedade para elaborar somente pela razão o que seria melhor para ela
é desumanizador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário