O pregado conceito de que tudo que nos esforçamos para conseguir nos é recompensado pelo mérito de fazê-lo, é uma farsa que a sociedade insiste em disseminar. Desde pequenos aprendemos que o nosso esforço e dedicação nos levariam às nossas conquistas, alimentados pelo sonho irreal de que apenas o trabalho árduo seria o suficiente para garantir nossas vitórias, independente de nossos contextos históricos, culturais e divisões de classe. Marx vai contradizer essa concepção de que todos partem do mesmo ponto de chegada, à medida que argumenta sobre as desigualdades sociais e da estrutura econômica da sociedade.
De acordo com ele, o corpo social se apresenta dividido em classes, onde a posição dos indivíduos não é decorrente de seus esforços pessoais, mas sim da estrutura econômica que define quem detém os meios de produção e quem vive da venda de sua força de trabalho. Assim, meritocracia é uma utopia perante as desigualdades que perduram, ela seria uma forma de mascarar as injustiças estruturais e aparentar justiça em um sistema que, na verdade, é brutalmente desigual.
Como falar em mérito, em um país onde crianças que cresceram frequentando escolas particulares, tendo direito a convênio e planos de saúde, vivendo em famílias e em lares estruturados, tendo celular do ano e acabando herdando a empresa do papai, são tidos como os vitoriosos que ascenderam na vida, e aquelas que mal tiveram acesso à saúde, educação e saneamento básico, são vistas como preguiçosas, marginalizadas e incompetentes. Marx nos alerta sobre acreditarmos que a posição social de alguém é meramente fruto de seu esforço, e que esse, que é apenas um dos valores implantados em nós, representa interesses da classe dominante, que as quer transvestir como de valor universal.
A meritocracia, ao desconsiderar esses fatores, transforma privilégios em virtudes e desigualdades em fracassos individuais. Os que são ricos, são aclamados por todos, e os que permanecem pobres, são os fracassados que não se esforçam. Por isso, a crítica marxista à meritocracia não é um chamado à conformidade, mas sim à consciência. Precisamos compreender os problemas sociais e econômicos envolvidos por trás das conquistas ou derrotas de alguém, caso contrário continuaremos premiando poucos e culpando muitos.
Lana Laura 1° ano direito noturno.
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