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domingo, 13 de abril de 2025

O Positivismo e seus limites na compreensão da sociedade

 

 O lema “Ordem e Progresso”, presente na bandeira do Brasil, tem origem no Positivismo de Auguste Comte, filósofo que defendia que a sociedade deveria se desenvolver com base na ciência, na racionalidade e na organização social. Para ele, a ordem era fundamental para garantir a estabilidade necessária ao progresso, que, por sua vez, deveria ser conduzido pelo conhecimento científico. Esses princípios influenciaram diretamente a política brasileira no final do século XIX e, ainda hoje, geram debates sobre sua interpretação e aplicação.

 Atualmente, é possível perceber a continuidade dos ideais positivistas na forma como muitas instituições utilizam a tecnologia para administrar aspectos da vida em sociedade. Um exemplo disso é o uso de dados e algoritmos em setores como segurança, mobilidade urbana e educação. Em diversas cidades, sistemas de monitoramento e análise de informações são adotados com a intenção de tornar as decisões mais racionais e eficientes, partindo da ideia de que a tecnologia seria capaz de oferecer respostas imparciais e objetivas para os desafios sociais.

 No entanto, o Positivismo é alvo de críticas importantes, principalmente quando é usado sem questionamento para tratar de questões sociais. Um de seus principais limites está em tratar os fenômenos sociais como se fossem naturais ou determinados por leis fixas, como ocorre nas ciências da natureza. Isso pode levar à naturalização de desigualdades sociais, como se fossem inevitáveis ou fruto de um “funcionamento normal” da sociedade, quando, na verdade, são construções históricas. Por exemplo, justificar a pobreza apenas com base em dados econômicos e índices de produtividade, sem considerar os contextos sociais e históricos que geram exclusão, é uma forma de adotar uma visão limitada da realidade.

 Além disso, o Positivismo desconsidera a importância dos aspectos subjetivos, simbólicos e culturais que moldam as relações sociais. Reduzir a realidade àquilo que pode ser medido e classificado ignora sentimentos, tradições, identidades e narrativas que também fazem parte da estrutura social. Assim, embora a ciência e a razão sejam essenciais para o avanço da sociedade, o pensamento contemporâneo tem a necessidade de uma abordagem mais integrada, que reconheça os limites da razão e valorize também o saber humano e a diversidade cultural.

 Portanto, é possível analisar que embora o Positivismo de Comte seja atual em muitos aspectos, seu legado também precisa ser revisto à luz das complexidades do mundo contemporâneo, que exige soluções mais humanas e contextualizadas. A sociedade não segue uma trajetória linear e sempre progressiva, a história tem altos e baixos, sendo complexa demais para ser compreendida por uma única visão de mundo.

Caroline Maria Duarte - 1º ano Direito ( matutino )

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