Ailton Krenak publicou, em 2019, o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, no qual discute a desconexão do ser humano com a natureza. Segundo o autor, à medida que o homem avança tecnologicamente, afasta-se cada vez mais dos elementos naturais, tratando-os como simples recursos a serem explorados. Essa constatação reflete, por exemplo, no aquecimento global e nas graves mudanças climáticas, como as enchentes ocorridas em 2024 no Rio Grande do Sul.
Nesse contexto, muitas pessoas, descrentes na possibilidade de uma transformação social e ecológica, preferem acreditar que o mundo está, de fato, prestes a acabar. Assim, a melhor forma de encarar essa situação seria explorar todas as fontes de matéria-prima disponíveis, aceitando o fim inevitável. O filme “Não Olhe para Cima” ilustra bem esse descaso ambiental, ao mostrar como diversos cientistas tentam alertar a humanidade sobre um cometa que ameaça a Terra, sem obter o devido reconhecimento ou apoio para buscar uma solução. Ao final da obra, o corpo celeste destrói o planeta e apenas alguns indivíduos conseguem sobreviver fugindo para Marte.
Entretanto, essa visão de escapatória constitui uma abordagem problemática de conscientização, pois corre o risco de incentivar a ideia equivocada de que, em caso de colapso global, seria possível simplesmente “trocar” o mundo por outro. É fundamental promover ações concretas e não adotar uma postura de conformismo. Infelizmente, esse tipo de pensamento paralela-se a outras situações de negligência, como as guerras no Oriente Médio. Conflitos em locais como a Palestina, por exemplo, são frequentemente tratados como problemas intermináveis que não merecem a devida atenção internacional. Essa desatenção permite que países com interesses capitalistas se beneficiem economicamente: de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), as despesas militares globais atingiram cerca de US$ 2 trilhões em 2021, evidenciando o contínuo investimento em armamentos, mesmo em regiões de conflito.
Em suma, enquanto alguns defendem que o mundo está fora de ordem, o mais evidente é que foi imposta à sociedade uma ordem dissociada dos reais valores naturais e sociais. Dessa forma, adota-se uma lógica egoísta e consumista, que prefere ignorar os problemas ambientais e sociais em nome de uma justificativa individualista, fundamentada na descrença e no desejo de enriquecimento pessoal.
Trabalho extra: Um mundo fora de ordem ou a ordem fora do mundo
Nome: Camilly Isabele Mendes Agostinho
Curso: 1º Direito Noturno
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