O autor Wright Mills, em “A imaginação sociológica”, coloca esse tipo imaginário como sendo de extrema importância para o verdadeiro entendimento de sua sociedade, uma vez que possibilita a fuga de uma visão limitada pelos aspectos cotidianos do círculo social no qual um indivíduo está inserido. A partir disso, é possível construir uma visão ampla do corpo social por meio do abandono de valores e crenças prévias, e assim, de fato, entender as relações entre o ser humano, a sociedade e a história.
Ademais, Mills afirma que a velocidade e quantidade informações que recebemos é prejudicial no processo de desenvolver um pensamento, refletir sobre ele e absorvê-lo, por esse motivo, é gerada grande frustração no homem, que não é capaz de assimilar a tempo as mudanças ocorridas, assim, incapaz de lidar com o choque de ideias e valores, externaliza esse sentimento através do ódio, preconceito, intolerância e violência. Dessa forma, cria-se um grupo de pessoas que voltam a ganhar força na atualidade, os reacionários, aqueles que creem no retrocesso, que lutam pela volta dos costumes tradicionais.
Diante disso, é assustador a velocidade na qual medidas de cunho radical conservador estão sendo tomadas nos EUA, com o recém iniciado mandato de Donald Trump, evidenciando a volta em massa de uma população intolerante, radical e conservadora, visto que o atual presidente, em suas campanhas eleitorais já vinha prometendo tomar medidas questionáveis, tal como o fechamento do Departamento de Educação, que felizmente não foi conquistada devido a dificuldades com a aprovação da medida no congresso. Além disso, vale ressaltar o corte de financiamentos a escolas públicas que são acusadas de se pautar em ideologias “antiamericanas” sobre raça e gênero, e a colocação de funcionários da DEIA ( agências de diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade) em licença remunerada. Com isso, nota-se a repressão ao desenvolvimento da imaginação sociológica, a fim de limitar o aprendizado a valores obsoletos e opressores
Assim, pode-se notar que grupos, como o de Trump e seus apoiadores, são impossibilitados de fazer o uso da imaginação sociológica, uma vez que são incapazes de afastar-se dos valores que lhes foram ensinados e aceitos devido ao amor e apego que têm pelos mesmos. De acordo com Mills, quando os homens sentem seus valores ameaçados, experimentam crise. Sendo assim, a volta ao poder dos ultra conservadores e os consequentes retrocessos advém do estranhamento que tiveram ao deparar-se com uma sociedade que vinha tornando-se mais tolerante e inclusiva.
Em suma, temos que a imaginação sociológica é imprescindível para a compreensão da relação entre o homem e a sociedade, mas que para atingi-la é necessário desgrudar-se de valores pessoais. Entretanto, existem homens tão apaixonados por seus valores pessoais que o mínimo choque de ideias é inaceitável e deve ser oprimido, a fim de que os seus próprios se sobressaiam. Portanto, hoje, o amor incondicional aos próprios valores, ódio e a inflexibilidade aterroriza toda uma parte da sociedade que já lutou e ainda luta por seus direitos, qualidade de vida e igualdade.
Catharina Passos Tomasella - 1ºano Direito (matutino)
A tolerância e o respeito à opinião contrária é, de fato, um valor importantíssimo. Entretanto, os homens são imperfeitos e, no dito "jogo político" e da sucessão de poderes (nos Estados Unidos, no embate entre Republicanos e Democratas) parece-me que não há muita diferença quando se pensa nos extremos, senão a de vetor, um para a esquerda, outro para a direita, mas ambos muito distantes do equilíbrio de que necessitamos para uma vida melhor. Enquanto ficarmos nos extremos condenados estaremos. É o que penso, e é o que a ciência, historicamente, nos revela. Um abraço, Alexandre.
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