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domingo, 23 de março de 2025

O silêncio dos desiguais

O princípio da isonomia diz que igualdade perante a lei significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida das suas desigualdades. Contudo, mesmo após a abolição da escravidão por exemplo, ainda há resquícios de racismo - ainda que de forma inconsciente – o chamado racismo estrutural, em várias esferas da sociedade.

A escritora Grada Kilomba trata em seu livro sobre o racismo no meio acadêmico. Nele, ela descreve sua experiência estudando na Alemanha e como somos ensinados sobre história pelo ponto de vista eurocêntrico. Estudiosos brancos involuntariamente tendem a calar a voz daqueles que na obra a autora se refere como “outros”, colocando-os em subordinação ao sujeito branco.

No Brasil, a Lei de Cotas foi um mecanismo criado que reservou 20% das vagas para pretos e pardos em concursos federais e universidades públicas. Esta é uma política afirmativa que tem como objetivo diminuir as desigualdades raciais em nosso país. Todavia, isso não acabou com o racismo.

Kilomba relata em sua obra sobre um episódio em que foi impedida de entrar na biblioteca da Universidade Livre de Berlim por uma funcionária branca. O que nos remete a dificuldade que pessoas marginalizadas têm de frequentarem certos espaços. Que seus corpos – nesse caso – não são lidos como corpos acadêmicos.

Conclui-se, portanto, que o princípio da isonomia vale para todos. E é necessário que toda a sociedade colabore e dê condições para que as classes marginalizadas ocupem os espaços que querem e que lhes cabem.

Lorraine de Oliveira Maciel – 1º ano – Direito - Matutino

Um comentário:

  1. Sim, Lorraine, você tem razão quando refere a uma necessidade de engajamento de TODA A SOCIEDADE. Penso que apenas uma corresponsabilidade real, onde cada um exerça o seu papel, poderá trazer melhores resultados. Nas cotas, por exemplo, 20% é o mínimo. Mas parece que a prática fez do mínimo o teto máximo. O mesmo acontece com os demais integrantes dessa sorte de política (pessoas com deficiência, indígenas, transexuais, pobres etc.). As cotas nos são necessárias porque, objetivamente, não se vê os aludidos vulneráveis, em números significativos, nas estruturas públicas formais. Mas essa sorte de política tende a colocar uns grupos contra outros. Daí, por exemplo, a necessidade da corresponsabilidade de todos, a iniciar pelo aumento de número de vagas em unidades públicas (acadêmicas, inclusive) para a absorção de TODOS. São apenas algumas ideias iniciais. Com respeito, Alexandre.

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