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domingo, 23 de março de 2025

A Física Social e a verdadeira Inclusão

A Teoria do Positivismo, desenvolvida por Auguste Comte, defendia o desenvolvimento de uma Física Social para o estudo dos fenômenos humanos, na qual haveria uma racionalização das ciências e uma observação empírica para chegar a conclusões sobre episódios sociais - criando, portanto, a Sociologia.

O sociólogo concebeu a famosa frase “Ordem e Progresso”, expressa na bandeira nacional brasileira, que defende que a ordem e estabilidade social liderará para o progresso científico da nação. Comte também acreditava firmemente na hierarquia social por conhecimento e racionalidade. Tal afirmação – com um toque humano – acabou corroborando para o desenvolvimento de uma justificativa para o racismo, abrindo brechas para a escravidão e exclusão social de pessoas negras.

Segundo a escritora e psicóloga Grada Kilomba, em seu livro “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”, há o silenciamento explícito dos negros no âmbito educacional devido ao preconceito estrutural em que a sociedade foi constituída. Ela demonstra – com exemplos pessoais – o quão racista são as instituições por mais que sigam uma “ordem”, já que estas foram baseadas em uma estrutura europeia colonizadora e ocidentalizada. Com esta mentalidade colonizadora, essas instituições tratam as pessoas pretas como “um grupo subalterno” e os desprezam e os oprimem, de modo que a educação – um direito constitucional – transforma-se apenas em uma longínqua utopia.   

Deste modo, observamos que a criação da Física Social serviu apenas para aprisionar, dentro dos parâmetros científicos, uma sociedade que está em constante transformação. A ideia de que a ordem levaria ao progresso é derrubada, visto que é possível presenciarmos o constante preconceito sofrido por grupos cotidianamente – não só racismo, como homofobia. Embora progressos científicos tenham se consolidado, a inclusão dos grupos oprimidos no corpo social nunca ocorreu e o preconceito estrutural se consolidou fortemente – fazendo mais vítimas na contemporaneidade. 


GEOVANA DE MORI - 1º ANO - DIREITO MATUTINO 

3 comentários:

  1. Boas ideias, Geovana. Haveria uma desordem na ordem de Comte? A ordem, ao seu sentir, gera sempre desordem ou exclusão? São dúvidas, que penso, não sejam só minhas. Um abraço, Alexandre.

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  2. Ao meu ver, Alexandre, a ordem que Comte propõe é uma sistematização de um ideal próprio, o que vem a causar a exclusão, a qual, consequentemente, configura uma desordem. Por isso, não acredito que a "ordem" que o sociólogo proponha gere progresso, já que ela criará nichos na sociedade e, aqueles que não se encaixarem, serão subjugados. (Não sei se interpretei Comte corretamente, seria bom ler sua opinião!)

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  3. (Eu, Geovana, fiz o comentário acima, mas meu e-mail não apareceu)

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