A Teoria do Positivismo, desenvolvida por Auguste Comte, defendia o desenvolvimento de uma Física Social para o estudo dos fenômenos humanos, na qual haveria uma racionalização das ciências e uma observação empírica para chegar a conclusões sobre episódios sociais - criando, portanto, a Sociologia.
O sociólogo concebeu a famosa frase “Ordem e Progresso”, expressa na bandeira nacional brasileira, que defende que a ordem e
estabilidade social liderará para o progresso científico da nação. Comte também
acreditava firmemente na hierarquia social por conhecimento e racionalidade. Tal
afirmação – com um toque humano – acabou corroborando para o desenvolvimento de
uma justificativa para o racismo, abrindo brechas para a escravidão e exclusão
social de pessoas negras.
Segundo a escritora e psicóloga Grada Kilomba, em seu livro “Memórias
da plantação: episódios de racismo cotidiano”, há o silenciamento explícito dos
negros no âmbito educacional devido ao preconceito estrutural em que a
sociedade foi constituída. Ela demonstra – com exemplos pessoais – o quão
racista são as instituições por mais que sigam uma “ordem”, já que estas foram baseadas
em uma estrutura europeia colonizadora e ocidentalizada. Com esta mentalidade
colonizadora, essas instituições tratam as pessoas pretas como “um grupo
subalterno” e os desprezam e os oprimem, de modo que a educação – um direito constitucional
– transforma-se apenas em uma longínqua utopia.
Deste modo, observamos que a criação da Física Social serviu apenas para aprisionar, dentro dos parâmetros científicos, uma sociedade que está em constante transformação. A ideia de que a ordem levaria ao progresso é derrubada, visto que é possível presenciarmos o constante preconceito sofrido por grupos cotidianamente – não só racismo, como homofobia. Embora progressos científicos tenham se consolidado, a inclusão dos grupos oprimidos no corpo social nunca ocorreu e o preconceito estrutural se consolidou fortemente – fazendo mais vítimas na contemporaneidade.
GEOVANA DE MORI - 1º ANO - DIREITO MATUTINO
Boas ideias, Geovana. Haveria uma desordem na ordem de Comte? A ordem, ao seu sentir, gera sempre desordem ou exclusão? São dúvidas, que penso, não sejam só minhas. Um abraço, Alexandre.
ResponderExcluirAo meu ver, Alexandre, a ordem que Comte propõe é uma sistematização de um ideal próprio, o que vem a causar a exclusão, a qual, consequentemente, configura uma desordem. Por isso, não acredito que a "ordem" que o sociólogo proponha gere progresso, já que ela criará nichos na sociedade e, aqueles que não se encaixarem, serão subjugados. (Não sei se interpretei Comte corretamente, seria bom ler sua opinião!)
ResponderExcluir(Eu, Geovana, fiz o comentário acima, mas meu e-mail não apareceu)
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