O coletivo influência na atitude individual? Ou cada indivíduo ajuda a constituir uma atitude coletiva...? O sociólogo Émile Durkheim traz uma interessante discussão acerca dessa reflexão, apresentando elementos como o fato social, a consciência coletiva e a solidariedade social.
Dessa maneira, o estudioso propôs uma linha de pensamento essencialmente funcionalista, analisando a sociedade como um corpo que possui suas determinadas funções. Nesse sentido, defende que esse corpo possui uma estrutura que se modifica a fim de manter sua coesão, de se manter em funcionamento, evitando a anomia. Com isso, destaca que os comportamentos das pessoas constituintes desse mecanismo são todos sociais, os quais buscam manter esse equilíbrio, impondo uma solidariedade social e criando os famosos fatos sociais - comportamentos condicionados pela consciência coletiva que aplica ao indivíduo um poder coercitivo ao fugir dessa condicionante. Logo, na perspectiva do sociólogo, seria a consciência coletiva que influenciaria nas ações individuais a fim de garantir a coesão do corpo social.
Nesse contexto, pode-se analisar diversas ocasiões e costumes presentes na sociedade, principalmente na brasileira, que se adequam perfeitamente à ideia de uma consciência coletiva determinante das ações individuais, ou fatos sociais. Assim, o casamento segue essa lógica, uma vez que é imposto socialmente que a mulher deva se casar por volta dos 30 anos de idade, gerando uma pressão e desaprovação social, que seria uma maneira de coerção moral, para aquelas que escolherem o contrário e preferirem não se casar, ou se casar mais tarde.
Além disso, outro exemplo nítido desse comportamento é o julgamento contra os jovens que optam por não prestarem vestibular logo no último ano do Ensino Médio, ou contra os que escolhem não cursar o Ensino Superior. Nessa lógica, impõe-se um pensamento aos alunos de que eles têm a necessidade de sair do 3º ano do EM decididos sobre sua carreira profissional e irem direto cursar alguma faculdade, reprovando moral e socialmente os que optarem ir contra esse sistema, os que não vão de acordo com o fato social prescrito a eles.
Portanto, nota-se que, realmente, os fatos sociais estão presentes por todo o maquinário social, impondo e determinando atitudes e comportamentos que se façam coerentes com sua “consciência coletiva” implantada, sendo passível de repreensão, seja moral ou até jurídica, a quem saia dessa ordem. O fato social, assim como a solidariedade coletiva, são alegoricamente, uma grande brincadeira de “Maria vai com as outras”, que visa manter a coesão funcionalista e solidária da sociedade.
Maria Clara Cossentini Campos - 1º ano Direito, noturno. RA: 241223377
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