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domingo, 31 de março de 2024

A permanência irracional da violência contra a mulher nos dias atuais: pela perspectiva de Durkheim

Atualmente, vivemos um período de intenso desenvolvimento tecnológico e científico, auge humanitário, grande avanço na luta e conquista por direitos. No entanto, observa-se a manutenção e o crescimento dos índices de violência contra a mulher nos últimos 5 anos. Com base na perspectiva funcionalista de Durkheim analisaremos esse fenômeno a partir de dois pontos distintos, porém relacionados: o machismo e a violência.

Em um primeiro momento, a violência contra a mulher pode ser vista como fruto do machismo ainda permanente na sociedade atual, que nada mais é do que uma noção limitada e ultrapassada enraizada na consciência coletiva. Esse comportamento ainda se faz presente, como é explicado pelo sociólogo devido ao fato dessa consciência coletiva ser soberana à consciência individual. Seguindo a lógica durkheimiana, essa prevalência de uma sobre a outra ocorre por meio dos Fatos Sociais, os quais são fenômenos ou comportamentos socialmente estruturados que agem regulando os indivíduos baseado em determinada regra social, e esses podem ser coercitivos, generalizados e externos, isto é, exercem pressão para serem seguidos, são reproduzidos pela maioria e não dependem da vontade particular. Logo, fica claro como o machismo ao ser instaurado como um Fato Social, passa a exercer domínio no ideário coletivo, e mesmo que não entendam o porquê dele influenciar as condutas sociais, ele continua a faze-la, já que é externo e coercitivo. Nesse sentido, fica explícito como a manutenção social da noção machista é uma das grandes motivadoras da permanência da violência contra as mulheres, visto que apesar de antiquada e irracional essa noção é uma das bases em que a sociedade foi estruturada.

Ademais, outra forma de entender a permanência desse tipo de violência é a partir da compreensão da importância da coesão social para a vida em sociedade, de acordo com a visão organicista. Segundo Durkheim a reação punitiva tem como objetivo restabelecer e manter a coesão social, como uma forma de evitar o desiquilíbrio em sociedade, em outras palavras, a Anomia, a qual diz respeito a deterioração das regras que mantém a sociedade coesa. Nesse contexto, é importante salientar que não é preciso que um determinado comportamento de fato ameace a coesão, para que os mecanismos repressivos sejam justificáveis, basta apenas que ele seja visto pela consciência coletiva como um perigo para a coesão. Logo, com suporte nisso, observa-se como a violência contra a mulher sempre ocorre devido a uma tentativa de “correção” de um comportamento, uma fala, que não se enquadra como adequado para a consciência coletiva machista, que ainda exerce controle, e serve como base para o estabelecimento de padrões de comportamento e relacionamento dentro da população. Dessa maneira, quando esses padrões não são seguidos, considera-se um desvio de conduta que seguindo essa lógica deve ser corrigido, nem que seja pela violência, para que haja o reforço da norma, a qual mantém a coesão. Portanto, explicita-se como um outro motivo da continuidade da violência contra as mulheres nos dias de hoje, pela perspectiva do estudioso, a tendência  ao estranhamento de tudo aquilo que fuja do “normal” e a necessidade primitiva de corrigir para que haja a manutenção das regras de conduta.

Clara Peral Gomes – 1º ano Direito (matutino) – RA: 241224128

 


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