É evidente que, desde meados do século XX, a procura pelo casamento teve considerável queda, o que se deveu a diversos acontecimentos sociais, entre os quais é de suma importância destacar o início definitivo da emancipação financeira da mulher, o que colaborou para uma reflexão que mudaria as estatísticas: Por que as pessoas se casam?
Dentro dessa perspectiva, estudiosos passaram a considerar a ideia “casamento” como um exemplo do que o filósofo Durkheim chamava de “Fato Social”, por atender aos seguintes princípios: coercitividade (sugere obrigatoriedade em cumprir alguma ação que faz parte de uma cultura social), exterioridade (quando certo fato é ensinado ao longo da educação, como algo esperado e predestinado, algo que deve acontecer em sua respectiva fase da vida) e generalidade (quando se aplica ou é esperado que se aplique a todos os cidadãos daquela determinada sociedade).
Com o início do processo da emancipação financeira da mulher, em destaque após a Segunda Guerra Mundial, surge esse questionamento, uma vez que, culturalmente, muitas mulheres eram impostas ao casamento em prol da independência financeira em relação aos pais, passando a depender do cônjuge. A partir do momento em que a mão de obra feminina é requisitada no mercado e as mulheres passam a receber o próprio salário, muitas começam a optar pela vida de solteira, mesmo que de forma lenta e gradativa, ou então casar-se mais velhas, em um momento que estivessem já estabilizadas, buscando, de fato, pela independência. Nesse contexto, a cobrança sobre a parcela masculina da sociedade para casar e principalmente “arrumar um herdeiro”, no que diz respeito à elite, tende a diminuir simultaneamente.
Embora na última década essas estatísticas estejam ascendendo novamente no que diz respeito ao Brasil, após o projeto de lei que reconheceu o casamento homoafetivo no País, quando olhamos para o período supracitado, é possível, de fato, enxergar a influência global para com as escolhas individuais. Ou seja, a realidade de casar-se, concebida como algo destinado, surge da vontade espontânea do ser individual ou de uma pressão externa? As pessoas de uma forma quase geral se casavam pois queriam assim ou para acatar a um senso comum? Ou para refugiar-se de séculos de opressão sexual em que a heterossexualidade era tida como o “normal”? Ou ainda, voltando-se para o cenário hodierno, a temida pergunta no churrasco de família sobre “namoradinhos (as)” é apenas uma inconveniência ou o legado dessa perspectiva antiquada sobre o casamento?
Após essa reflexão, retomamos a indagação: Por que as pessoas casam? O casamento é um Fato Social?
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