Coesão
e anomia
Durkheim é considerado, junto a Marx e a Weber,
um dos pais da sociologia, suas ideias inicialmente aproximavam-se da corrente
positivista, contudo, o autor refuta a “Religião da Humanidade” e ainda critica
Comte por reduzir “toda a força progressiva da espécie humana a tendência
fundamental ‘que leva o homem diretamente a melhorar, sob todos os aspectos e
sem cessar’”.
Entretanto, manteve a análise de caráter
coletivista de Comte e assim desenvolveu o funcionalismo que afirma a
existência de funções sociais, que são regidas pelo fato social, definido por
Durkheim como “maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo,
dotadas de um poder de coerção”. Por sua vez, os fatos sociais tendem a
relacionar-se entre si, o que leva a união da sociedade por laços que ligam os
indivíduos dando origem à coesão social.
Todavia, essa “coesão social” pode ser
ameaçada quando os laços enfraquecem-se, gerando o que o pensador chamou de
anomia. No caso de uma sociedade marcada pela moralidade, tradições e costumes
que chega ao ponto da anomia, pode surgir outro grupo que substitua os tais
valores impondo suas ações morais.
Pode-se relacionar o pensamento durkheimiano
ao que se vê em vários locais no Brasil: os linchamentos. Estes são frutos,
portanto, de laços enfraquecidos que levam ao surgimento de grupos organizados,
como o Reage Flamengo, ou mesmo massas desordenadas. Estes chamam para si as
funções de instituições e na ânsia de manter de fazer justiça e chegar à
harmonia social, geram o caos. Exemplo máximo disso, foi o caso do Guarujá, no
qual uma inocente foi brutalmente morta.
Assim, as proposições sociológicas feitas por
Durkheim no século XIX ainda aplicam-se no século XXI. O estado anômico da
sociedade hodierna coloca em risco toda a sua coesão e, a menos que os fatos sociais
e as instituições reforcem seu poder coercitivo, haverá um grande colapso, que
já começa a ser sinalizado.
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