O primeiro contato que tive com Émile Durkeim foi no ensino médio, na aula de literatura sobre o livro "O Cortiço", de Aluísio de Azevedo. Meu professor, ao tentar explicar para dezenas de alunos desinteressados qual era o pensamento predominante em torno de diversos livros, sempre buscava fazer comparações atuais ou metáforas para que se tornasse mais fácil e rápida a assimilação por obras por vezes muito distantes da nossa realidade de adolescentes do século XXI. Me lembro que ele, ao usar a teoria Durkeimiana, comparou o cortiço à um organismo vivo e os moradores à partes operantes de tal organismo, sem personalidade pessoal. Lutei, mas não consegui assimilar ou aceitar a ideia de que a expressão dessa sociedade seria a consciência coletiva, e não individual. Independente da condição pessoal ou social de cada personagem e do autor dar uma aparência animalesca à tais pessoas, cada "célula" desse organismo tinha objetivos, pensamentos, opiniões e percepções de vida próprios, bons ou maus, que poderiam até ser influenciados por outros fatores, mas nunca destruídos a ponto de se tornarem semelhantes aos demais.
Não acredito que uma sociedade se forme apenas por sentimentos e crenças comuns, de modo que ela é por vezes discordante em diversos âmbitos. A consciência coletiva existe, mas é exterior ao plano da consciência individual, e atuam separadas. Pontuo também que, pela minha perspectiva, o fato social possui sim relevância e pode influenciar no pensamento individual, mas esse não é obrigatoriamente guiado por aquele. A personalidade de alguém é determinada pelo local onde vive, pelas pessoas com quem se relaciona e também pelas escolhas, opiniões e pensamentos que realiza ao longo de sua vida. Com direitos e deveres, cada um se torna responsável por opções e maneiras de concretizar objetivos e realizações pessoais.
Vitória Schincariol Andrade
Turma XXXI - 1º Ano Direito Noturno
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