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domingo, 18 de maio de 2014

O funcionalismo social dos linchamentos

   Segundo a teoria funcionalista de Durkheim, todos os indivíduos possuem uma função na sociedade; tal premissa é mais do que comprovada quando se analisa a estrutura social: o indivíduo é, ao mesmo tempo, cidadão, consumidor, trabalhador, exercendo outros inúmeros papéis sociais durante sua existência.  Até mesmo os não consumidores, como os mendigos, possuem um papel social: o de tornar explícito o que acontece aos que não se encaixam ao sistema. Destarte, tudo e todos possuem uma causa eficiente, inclusive os fatos sociais.
   Sob tal perspectiva analisar-se-á os linchamentos que vêm ocorrendo em todo o território brasileiro e que, por sua recorrência, acaba gerando uma verdadeira mazela em nossa sociedade. Trata-se da verdadeira crença de defesa da ordem e da sociedade já que, segundo a mídia, o governo não está sendo capaz de defender seus cidadãos; se analisado sob este ponto de vista, os linchamentos são legítimos e previsíveis, nada mais se espera dos cidadãos do que a defesa de sua sociedade. Não obstante, ao realizar torturas sob a bandeira enganadora da justiça, cria-se um estado de barbárie, abdicando-se da idéia de que é possível a vida em sociedade.
   Embora tenham a causa eficiente de defender a sociedade, o efeito dos linchamentos é o oposto: o de destruir a sociedade, pois se infringe a dignidade da pessoa humana, base do Estado Democrático de Direito; além disso, é inegável que o cidadão não está pronto para assumir a função de uma entidade como a Justiça já que age segundo suas emoções enquanto que, para que haja justiça, o exame racional da situação é impreterível, o que fica claro com o linchamento do Guarujá que, guiado pela emoção, causou a morte de um típico símbolo social, de uma inocente.
   Assim, conclui-se que o linchamento é mais prejudicial do que beneficente para a preservação da estrutura social, embora seus praticantes acreditem fielmente no contrário, devendo haver a interminável luta contra este, e não o incentivo que vem ocorrendo por parte da mídia que, visando criticar o governo, acaba sendo tão responsável quanto este pelos crimes cada vez mais crescentes em nossa sociedade – sim, porque os linchamentos (ou torturas) nada mais são do que crimes.


Dana Rocha Silveira, 1º ano, Direito noturno.

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