Partindo da premissa de que a filosofia situada anteriormente ao século XVII não resguardava o princípio de intervenção na vida prática, apenas limitando-se ao plano teórico sem uma finalidade útil, René Descartes redigiu a obra "O Discurso do Método" com a intenção de configurar uma forma de conhecimento capaz de transformar o mundo.
O método cartesiano proposto designa-se como instrumento questionador das ideias anteriores, cujas amarras restringentes e limitadoras foram, portanto, libertadas, tornando passível a estruturalização do pensamento moderno.
Declarando-se contrário a toda forma de conhecimento revelado - tais como a astrologia e alquimia -, embasado na proposição de que o conhecimento do mundo explica-se na própria intuição do homem, Descartes evidencia que o guia humano supremo é a razão, pautando-se no aforismo "Eu penso, logo existo", justificado em si mesmo, uma vez que tudo o que existe, pensa; bem como tudo o que pensa, existe.
Desta forma, descarta a carga passional embutida no pensamento, propondo a sobreposição racional em detrimento do fardo emotivo, o qual obstrui o caminho à verdade efetiva a partir de uma visão idealizada não fundamentada no plano empírico.
Não nega, contudo, a existência divina, chegando a estabelecer uma relação de dependência do homem a deus, definindo-o como perfeição absoluta. Deve-se, entretanto, considerar que, em sua época, não havia mecanismos científicos nem condições político-sociais necessárias - visto que vigorava o direito canônico preterindo-se o civil - para prescindir ou contestar um princípio tão fortemente arraigado na mentalidade ordinária como a esfera religiosa.
Caroline Verusca de Paula - 1º Direito Diurno
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