O poema abaixo retrata o tema da palestra: "um mundo fora de ordem ou uma ordem fora do mundo?". Refletindo o fato de que as normas e o caos se entrelaçam no cenário mundial contemporâneo e como essa busca constante por ordem compromete e desgasta a própria natureza, a qual é o oposto desta previsibilidade e controle.
(*obs: o poema não busca relativizar e/ou menosprezar a importância das normas/ordem para a regulamentação das coisas e para a promoção da convivência pacífica em sociedade, mas sim reletir sobre o desenvolvimento e implementação individualista e gananciosa das mesmas, que podem colocar em xeque a garantia da harmonia social e, principalmente da manutenção ambiental)
O ambiente e a ordem andam em conflito.
Um almeja a vida; o outro, a norma.
Um é imprevisível, o outro, certeza.
Onde tudo tem hora,
a norma e o caos coexistem.
Onde a alma sufoca, não pode voar —
há ordem e caos em todo lugar.
Enquanto isso, a ordem diz: "progresso!"
E o ambiente refuta: "exploração."
A ordem clama: "harmonia!"
A natureza contradiz: "guerrilha."
Esse mundo fora de lugar
e dentro da norma.
Um exala o existir —
sinônimo: florir.
Já a norma,
torre da união,
impõe seus trilhos
sob o nome da razão.
Porque, quando excessiva,
individualista,
desata o cordão,
e o mundo, atado,
perde a direção,
desorganizado
na instituição.
Assim, um dia,
a ordem cresceu,
outorgou e ordenou.
impôs o econômico,
sistematizou o social,
desgastou o meio,
padronizou o cultural.
O ambiente, então,
esgotou suas forças.
Não conseguiu se manter —
quem dirá, florescer...
Aceitou o institucional
e, enfim, sua desordem natural.
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