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domingo, 6 de abril de 2025

Ordem global, desordem natural

O poema abaixo retrata o tema da palestra: "um mundo fora de ordem ou uma ordem fora do mundo?". Refletindo o fato de que as normas e o caos se entrelaçam no cenário mundial contemporâneo e como essa busca constante por ordem compromete e desgasta a própria natureza, a qual é o oposto desta previsibilidade e controle. 

(*obs: o poema não busca relativizar e/ou menosprezar a importância das normas/ordem para a regulamentação das coisas e para a promoção da convivência pacífica em sociedade, mas sim reletir sobre o desenvolvimento  e implementação individualista e gananciosa das mesmas, que podem colocar em xeque a garantia da harmonia social e, principalmente  da manutenção ambiental)



O ambiente e a ordem andam em conflito.

Um almeja a vida; o outro, a norma.  

Um é imprevisível, o outro, certeza.


Onde tudo tem hora,  

a norma e o caos coexistem.  

Onde a alma sufoca, não pode voar —  

há ordem e caos em todo lugar.


Enquanto isso, a ordem diz: "progresso!"

E o ambiente refuta: "exploração."

A ordem clama: "harmonia!"  

A natureza contradiz: "guerrilha."

Esse mundo fora de lugar 

e dentro da norma.


Um exala o existir —  

sinônimo: florir.  

Já a norma,  

torre da união,  

impõe seus trilhos  

sob o nome da razão.


Porque, quando excessiva,  

individualista,

desata o cordão,  

e o mundo, atado,  

perde a direção,

desorganizado

na instituição.


Assim, um dia,  

a ordem cresceu,  

outorgou e ordenou.

impôs o econômico,

sistematizou o social,

desgastou o meio,

padronizou o cultural.


O ambiente, então,  

esgotou suas forças.  

Não conseguiu se manter —

quem dirá, florescer...

Aceitou o institucional

e, enfim, sua desordem natural.





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