Desde os primórdios da história, a ideia de ordem tem sido moldada pelas elites dominantes para controlar a população e manter seus privilégios, o que reflete até os dias atuais. Essa "ordem" não é apenas um conjunto de regras sociais, mas uma construção para sustentar o poder e a hierarquia, silenciando os que tentam desafiar as desigualdades.
No decorrer dos séculos, as elites mudaram, mas o padrão de imposição de uma ordem para garantir a manutenção do poder permaneceu. Durante o período feudal, por exemplo, os senhores de terra exerciam uma autoridade incontestável sobre seus vassalos, com a justificativa de que a ordem era essencial para a sobrevivência e estabilidade do reino. Da mesma forma, em muitas monarquias absolutistas, a ordem era vista como algo que emanava diretamente da figura do rei, considerado um ser quase divino. Sua manutenção, portanto, não era apenas uma questão de estabilidade social, mas de preservar o status quo que assegurava o controle das elites sobre os recursos e as pessoas.
A Revolução Industrial, no século XIX, trouxe novas formas de organização social, mas também renovou o ciclo de dominação da burguesia. O capitalismo, como sistema econômico emergente, propôs uma nova forma de "ordem", onde as elites empresariais e industriais se consolidaram como a nova classe dominante. A exploração dos trabalhadores, agora concentrados nas fábricas, foi justificada pelo discurso da ordem e do progresso, em que a hierarquia social e o trabalho submisso eram vistos como necessários para o crescimento econômico e a modernização. Esse modelo de "ordem" sempre procurou deslegitimar os movimentos trabalhistas e as tentativas de melhoria das condições de vida dos mais necessitados, reforçando uma estrutura que não só mantinha a classe dominante no topo, mas também controlava os discursos e as reivindicações populares.
Nos tempos modernos, a ideia de uma ordem controlada pelas elites continua a se manifestar, mas agora de maneiras mais sutis. O poder político, econômico e cultural permanece concentrado nas mãos de uma minoria, enquanto as maiorias sociais enfrentam dificuldades em acessar os mesmos direitos e recursos. A mídia, a educação e as estruturas políticas continuam a ser instrumentos de manutenção dessa ordem, frequentemente direcionando a opinião pública para questões que beneficiam as classes mais privilegiadas como, por exemplo, a lógica do "livre mercado" e da "meritocracia" que cria um falso discurso de que a ordem atual é natural e justa, enquanto silencia aqueles que se opõem a essa narrativa.
Hoje, as lutas por uma ordem mais justa e inclusiva refletem a resistência das populações marginalizadas contra as estruturas de poder que impõem privilégios. Movimentos por direitos humanos, igualdade de gênero e justiça social buscam romper o ciclo de opressão, mas as elites reagem tentando invalidar e reprimir essas demandas para defender seus privilégios. A ordem, criada para manter o controle, não é imutável, e a verdadeira ordem deve ser baseada na igualdade, justiça e respeito, garantindo dignidade e acesso aos direitos fundamentais para todos.
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