A filosofia positivista, formulada por Auguste Comte no século XIX, trouxe como principal ideia a constituição da ciência social como uma ciência positiva, muito influenciado por Bacon e até citando o mesmo em seus livros, como em "Curso elementar de filosofia positiva" e tendo como base as ciências exatas, definiu todas as ciências, incluindo a social, como uma linha reta, começando no pensamento teológico, passando pelo conhecimento metafísico e sendo positivada através dos fatos e da observação.
Porém, o positivismo de Comte, mesmo tendo sua extrema importância no âmbito do estudo social, com seu lema "Ordem e progresso" e trazendo a objetividade, a neutralidade e a primazia dos fatos, traz de forma perigosa aos dias atuais a negação da complexidade humana e social, reduzir o homem àquilo em que pode ser medido, experimentado e quantificado, desqualifica aquilo que faz do ser humano um animal social, que são os aspectos subjetivos e simbólicos, fundamentais à constituição do ser pensante. Questões sociais complexas: desigualdade, racismo, pobreza e identidade. Não podem ser medidas em dados e ignorar esses objetos, é cair numa visão simplista da sociedade.
Outro problema a se destacar no Positivismo, é a idolatria da ciência como única forma de verdade. Embora o conhecimento científico seja essencial, ele não é infalível nem neutro, pois é feito por seres humanos, influenciados por contextos históricos, interesses econômicos e ideológicos. O positivismo, tratando a ciência como dogma, abre espaço para tecnocracias e decisões autoritárias e desumanizadas, que priorizam números em vez de pessoas.
Além disso, a filosofia positivista pode legitimar a exclusão do pensamento crítico e filosófico em debates públicos e educacionais. No período em que vivemos, um período absurdamente polarizado e de propagação infinda de fake news, são justamente os exercícios da reflexão, da dúvida e da ética, os meios para se proteger e lutar por um mundo melhor. Esses mesmos meios são marginalizados pelo pensamento Positivista, pois não são "mensuráveis", assim enfraquecendo a democracia e empobrecendo o debate social.
Por fim, o culto à objetividade, proposto pelo positivismo pode gerar uma insensibilidade para com o sofrimento humano. Políticas públicas decretadas em base exclusivamente de dados, ignoram histórias individuais, traumas coletivos, necessidades emocionais e a necessidade de reparações históricas. Isso se agrava em contextos como o que vivemos durante a pandemia, crises migratórias e problemas ambientais, onde empatia e solidariedade são tão importantes quanto números.
Concluindo, embora o positivismo tenha seu valor, seu predomínio absoluto representa um perigo para uma sociedade plural, diversa e ética. É necessário fazer uma média entre razão e sensibilidade, dados e suas interpretações, ciência e filosofia antes de observar e agir na sociedade.
Eduardo Cavalcante Seghese Neto - 1° Direito Noturno
Gostei que você apresentou pontos mais críticos ao positivismo, é importante ter esse equilíbrio entre a sensibilidade e a razão. Muito bom :)
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