A partir da Constituição Federal de 1988 entende-se, com o artigo 5°, a liberdade e a igualdade como direitos indispensáveis à manutenção e desenvolvimento da sociedade. Contudo, essa premissa suscita a reflexão sobre a seguinte indagação: “Um mundo fora da ordem ou uma ordem fora do mundo?”. Essa questão, por sua vez, impulsiona debates, sob a ótica positivista, acerca do conhecimento científico, estrutura social e estabilidade global, fato que retoma a necessidade de revisões constantes a fim de combater os malefícios da inércia presente em discussões rasas.
Sob esse viés, o positivismo - corrente
filosófica formulada por Auguste Comte - defende que a intrínseca relação entre
a ordem (estabilidade social) e o progresso (desenvolvimento científico e
tecnológico) depende da ciência e da racionalidade. Outrossim,
as crises contemporâneas, como o conflito entre Israel e Palestina, desafiam
essa concepção acentuando, assim, a insegurança proporcionada pelo caos
geopolítico. Correlatamente à filosofia do autor, a ocupação de territórios
palestinos demonstra uma tentativa de estabelecer uma estrutura a qual, ao
invés de pacificar e desenvolver a região de forma homogênea, intensifica
conflitos hodiernos os quais expõem imposições desmedidas de um sistema instável.
Essa estrutura apática e destrutiva ignora elementos históricos e culturais,
culminando, assim, em violência. Nesse sentido, as elaborações do pensador
sugerem que a paz dependeria da aplicação de métodos científicos e racionais
nas negociações, priorizando dados concretos sobre população, território e
necessidades humanas, em vez de interesses ideológicos ou religiosos.
Ademais, a inclusão social de minorias é um
aspecto essencial para garantir justiça e sustentabilidade social. Ao sugerir o
dever da sociedade em promover o bem-estar coletivo por meio do avanço científico
e educacional, Comte traz a reflexão acerca da exclusão de grupos
marginalizados, como indígenas, negros, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
Diante disso, a verdadeira ordem será alcançada estritamente com a incorporação
plena desses grupos na sociedade, com acesso igualitário à educação, saúde,
emprego e representação política. Sem essa inclusão, preconceitos e
desigualdades históricas, propagados popularmente, evidenciam o sucateamento de
uma ordem que, por mais que assegurada em documentos oficiais, torna-se
miseravelmente ineficaz aos seus maiores dependes: o povo.
Dessa forma, pode-se argumentar que
vivemos tanto em um mundo fora da ordem quanto sob uma ordem que desconsidera a
realidade científica e social. A resposta para esse dilema estaria na aplicação
do pensamento positivista, o qual exorta a busca por uma organização baseada na
razão e na ciência. Somente ao questionar dogmas irracionais (negação
científica e preconceitos) e buscar soluções fundamentadas no conhecimento será
possível o surgimento de uma sociedade crítica e justa capaz de usufruir
plenamente e contestar, quando plausível, as imposições da Constituição de
1988.
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