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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Comte histórias

Era uma vez, em uma realidade paralela, com órgãos com poder de rebelião...
O cérebro consola o coração. Ele está peculiarmente chateado hoje, e não se sabe ao certo o por quê. Só sabe que está farto de bater. E irredutível quanto ao que deseja fazer no lugar.
"Eu quero viajar pelo mundo", diz ele. 
O cérebro tenta apelar para a razão. Diz que ele não pode fazer isso. Que dependem dele. Que, sem seus batimentos, todos falhariam em poucos segundos.
"Não ligo", afirma o coração. 
Enquanto isso, no joelho...
A junta número 33 gira e se contorce. Resolveu que quer ser bailarina. Suas irmãs imploram para que pare. Reclamam que aperta. Reclamam que estão sendo deslocadas junto. Reclamam que precisam dela para funcionarem direito. 
"Não ligo", diz a junta. 
E partimos para a boca...
A língua anda enrolada. Resolveu que quer virar tapete. Nada entra no organismo, nada sai. Nada é ingerido, falado ou vomitado. Os dentes entram em estado de greve, mas não tem grande apoio: o céu da boca resolveu que precisa de estrelas - e isso toma todo seu tempo livre. 
Temos, ainda, um rim querendo virar pedra.
Um estômago querendo virar borboletas. 
Uma orelha querendo virar pulga. 
E por ai vai. 
E todos ficaram doentes.
Percebendo a situação, um outro cérebro próximo vem analisar. Conversa com todos os órgãos. E percebe uma insatisfação comum: crise de identidade. Todos os órgãos tem sérias duvidas quanto a suas origens (e, portanto, quanto ao que fazer consigo mesmos).
Pacientemente, o outro cérebro explica: não importa de onde vieram, desde que permaneçam. Explica que cada um faz parte de um todo (chamou o todo de organismo), e que este ficaria seriamente doente se não desempenhassem suas funções. Doente ao ponto de perecer. 
A greve dos órgãos acabou quando eles compreenderam sua real importância.
E tudo deu certo naquele corpo. 
Entretanto, o cérebro sabia que outra greve era iminente. Se não neste corpo, em outro. Portanto, fez um acordo com todos os outros cérebros: a partir do momento de sua existência, seria implicitamente imposto a todos os órgãos que desempenhassem suas devidas funções (ao que se chamou instinto). Por precaução. 
E tudo mostrou-se funcionar pacífica e perfeitamente bem.
Sob a hierarquia imposta pelo cérebro
E resiliência dos demais 
Todos viveram funcionais para sempre.

Fim 

Mariana Luvizutti Coiado Martinez - 1º ano Direito Noturno


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