Nascido no desfecho do século XVI, o intelectual francês René Descartes esteve sob as influências repressoras da Inquisição. Chamado de "pai da matemática moderna", seus estudos trouxeram grandes contribuições para a área, resultando no Plano Cartesiano (um sistema para representar pontos no espaço que influenciou, posteriormente, cientistas como Isaac Newton); como também para a filosofia e para a física – como é visto no livro Le Monde (O Mundo). Sua obra mais importante, entretanto, dominou os quatros séculos seguintes: Discours de la Méthode Pour Bien Conduire Sa Raison et Chercher La Vérité Dans Les Sciences (Discurso sobre o Método de Bem Conduzir sua Razão e Procurar a Verdade nas Ciências) doutrinou o dualismo entre corpo e mente, discorrendo, pela primeira vez, sobre como os pensamentos e emoções se relacionam com o corpo. Morreu de pneumonia aguda em 1650 no auge de sua carreira acadêmica.
O contemporâneo de Galileu tinha como filosofia que somente a matemática era uma verdade, já que mostrou-se decepcionado com o ensino escolástico que não norteia nenhuma verdade indiscutível. Seu método propunha quatro regras da utilização da intuição, responsável por ideias perfeitamente determinadas, e da dedução, em que as verdades eram ordenadas por meio da razão: evidência, análise, síntese e enumeração. Assim, Descartes não era um experimentalista, o que levou, por exemplo, sua tentativa de consolidar o estudo do clima em Les Météores ao erro.
A principal crítica de seu trabalho relaciona-se com o saber humano junto à dúvida. Para René, tudo o que desperta a incerteza não é verdade simples e absoluta, o que o leva a duvidar de todas as percepções de seus sentidos desde que tenha um argumento. O estudo do pensador pode ser sintetizado na proposição Cogito, ergo sum (Penso, logo existo), uma vez que, com o pensamento intuitivo metafísico na dúvida, o indivíduo garante sua existência como ser indubitavelmente pensante – somente ideias do pensamento racional são claras e distintas.
Utilizando de seu método para provar a existência de Deus, sua humildade ao submeter-se à Igreja não foi suficiente para que sua obra deixasse de figurar no Index após sua morte. René Descartes admitia para si, como indivíduo, o caráter finito e imperfeito, atribuindo sua criação a um ser que o ultrapassasse, ou seja, fosse perfeito, fosse todo bondade. Descontruindo a ideia de um gênio maligno, o francês garantia a clareza do pensamento por meio da veracidade divina – contrariando São Tomás de Aquino. Se Deus existe, pode-se, então, crer na existência do mundo.
Alexsander Alves,
Ingressante do Direito Noturno (XXXII, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais)
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