O apego social com tendências passadas, conservadoras ou até retrógradas - visão sujeita à interpretação individual - é típico e, quiçá, intrínseco do histórico coletivo, a partir de figuras políticas e anseios sociais. Isto é, a retomada de atividades não vigentes do cotidiano: a valorização clássica para a idealização renascentista, o emprego da moda vintage como algo moderno e ‘descolado’, entre outros. Perante tal viés, ideologias também são passíveis do comportamento social para perpetuação, ou que nem mesmo tenham em algum momento sido escanteadas, por exemplo, os resquícios vividos do pensamento positivista.
Pautado intimamente na filosofia liberal, o positivismo, idealizado primariamente por Auguste Comte, surge na construção europeia da Idade Contemporânea. Trata-se de uma corrente idealista enraizada no cientificismo que, dada a valorização no século XIX, é adotada como método e doutrina para comprovação de todos os saberes, na qual o progresso e o desenvolvimento são consequências desse prestígio. Logo, aqui, saberes científicos, como os escritos de Darwin sobre a evolução das espécies, são destinados, de igual peso, como razão das sociedades não desenvolvidas ainda estarem nesse status de selvageria e baixas riquezas - sob caráter eurocêntrico - por exemplo.
Outrossim, muitos outros fatores são visíveis até a atualidade acerca do emprego da visão positivista, tal qual a desigualdade entre sociedades. O discurso meritocrático, por sua vez, baseia-se no critério apontado anteriormente, uma vez que descende de um pensamento de conquistas tecnológicas sobre outros indivíduos - e nações - que ocasiona mais distinções. Além disso, a própria imposição de uma periodização histórica - decorrente de eventos exclusivamente europeus - e da valorização científica sob outros pontos de vista, é disparo para a promoção de preconceitos e desvalorizações.
Dessa forma, é de suma importância visualizar e identificar tais questões que influenciam no comportamento humano, tendo em vista que tratam de posicionamentos históricos. Assim, pode-se constatar a influência dessa corrente filosófica restante nos vários aspectos da realidade social, fazendo travestir um cenário de estendidas desigualdades e preconceitos em uma perpétua imagem positiva, ou, em melhor notação, a perpetuação do positivismo.
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