Vivemos na era da informação?
Na
contemporaneidade, principalmente com a criação dos ambientes virtuais, vivemos
um período de constante disseminação de informações e amplo acesso a elas de
forma rápida. No entanto, essa rapidez e a própria forma de se informar, pelas
redes sociais por exemplo, tornam o conhecimento extremamente superficial, de
forma que a maioria das pessoas não busca entender a fundo os assuntos ou
questioná-los, e se conforma com os retalhos de informação recebidos. Desse
modo, apesar da facilidade de acesso ao conhecimento, os indivíduos são
limitados a enxergar apenas sua vida privada e não compreendem plenamente a
conexão entre seus âmbitos privados e a sociedade, de modo que a imaginação
sociológica de Wright Mills é extremamente importante para que haja uma melhor
compreensão da realidade pelas pessoas, que possam assim se tornar mais
empáticas e mais ativas na construção de uma sociedade melhor.
Primeiramente, as
redes sociais contribuem para manter as falsas percepções sobre o mundo, uma
vez que os algoritmos criam “bolhas”, mostram ao usuário apenas aquilo que ele
se interessa e que concorda para mantê-lo mais tempo conectado na plataforma.
Nesse sentido, essa restrição de outros conteúdos limita ainda mais os
horizontes já estreitos, além de contribuir para solidificar falsas visões,
especialmente por conta das Fake News, que se espalham facilmente por essas
redes e são creditadas por muitos como verdades, pois elas possuem o mesmo viés
ideológico e concordam com ideias incompletas e pré-estabelecidas no ideário
íntimo pessoal. Dessa maneira, o período
histórico atual é chamado frequentemente de “era da informação”, mas ao
questionar a qualidade e o alcance desse conhecimento nos deparamos mais com
uma era da desinformação e da indiferença, na qual cada um vive apenas em sua
bolha particular sem enxergar ao outro e as vezes até sem entender a si mesmo.
Assim, ao
analisar esse cenário, é perceptível a necessidade de uma ciência do Direito
possuidora de imaginação sociológica, que consiga sair de sua própria bolha e
formar, além de operadores do direito, juristas capazes de enxergar com lucidez
a sociedade e as mazelas sociais e que ao menos tentem agir de forma empática
para com o outro, criando uma relação de alteridade entre as pessoas. Dessa
forma, uma interpretação da visão de Descartes sobre a ciência se faz
necessária, já que é preciso certa racionalidade para compreender além de suas
próprias experiências e tentar por meio da razão se colocar na situação do
próximo e melhorá-la. Portanto, o jurista precisa ser crítico, entender a
complexidade social e as dificuldades de atuar na era da desinformação, para
que assim consiga usar de sua imaginação sociológica, de forma a transformar ou
não essa realidade em busca do bem comum.
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