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segunda-feira, 13 de junho de 2022

             Se até Marx e Engels, a sociologia saía da mente dos pensadores e, somente depois, era relacionada com a realidade; para os dois pensadores socialistas o caminho era justamente o contrário: as bases eram a realidade empírica, as pessoas reais, os trabalhadores reais, os “homens de carne e osso”. De forma que apenas depois de terem percebido a realidade e os fatos sobre esses seres reais é que poderiam elaborar suas teorias.

A ruptura de Karl Marx e Friedrich Engels com a forma de se pensar a ciência social ocorre justamente no distanciamento com a “ideologia” - para eles, um falseamento do real - para se aproximarem do materialismo, do realismo e da dialética, de forma que fosse possível compreender a realidade a partir dela mesma, tomando os fatos, e não as ideias que tinham deles, como a fonte para suas constatações.

É nesse sentido que ocorrem as críticas mais ferrenhas dos autores dA Ideologia Alemã a Hegel, que era, à época, um dos mais importantes pensadores. Neste livro, Marx e Engels apontam para o pensamento de Hegel como quase que ilusório, uma filosofia mais baseada no que se entende por real do que no de fato o é. Os teóricos revolucionários, em contraste com Hegel, se propunham a partir de outros pontos e seguir caminhos um tanto diferentes dos traçados pelo pensador da geração anterior: Marx e Engels tinham como objetivo fazer uma ciência o mais empírica possível, tendo como base não mais a ideia, mas o real.

Embora muito tenham criticado Hegel, Marx e Engels se serviram de outra parte do pensamento do autor de Fenomenologia do Espírito para construir seus pensamentos: a dialética. É a partir desse modo de se ver o mundo e as relações entre os fenômenos que os filósofos socialistas alemães vão desenvolver seus pensamentos mais célebres, como a luta de classes e a forma como os modos de produção se sucedem ao longo da história. É também a partir da compreensão dialética do mundo que Marx e Engels explicarão o permanente movimento da realidade social, na qual os elementos (naturais ou sociais) se contradizem, interpenetram e relacionam para formar novas verdades e novas teses, que serão inevitavelmente colocadas em oposição a outras tantas de tal modo que a realidade esteja sempre movimento e nunca se repita.


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