Para toda ação, há uma intenção, com valores intrinsecamente impostos por instituições.
Em meio a busca de compreender a realidade, Weber, não exclui o que Marx até então havia interpretado, mas perpassa a ideia de observar o social apenas pelo meio econômico, haja vista que a ciência de Weber deveria ser capaz de "compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos", ou seja, entender os valores sociais, culturais e tradicionais que respondessem a ação dos indivíduos, em que o cientista social, estudioso dessa realidade, não deveria fazer juízo de valor diante das interpretações, mas sim compreender sem pressupostos o porquê da ação, principalmente, o significado daquilo que é motivo da aspiração, resultando, assim, em uma sociologia compreensiva. Diante dessa ideia o método por si não possui significado relevante quando dissociado da ação do indivíduo e de suas motivações que regem essa ação, tendo em vista que o indivíduo é a expressão social com suas complexidades e perspectivas distintas que mudam de acordo com o contexto social, em que perpetua e ratifica a ideia de que toda conduta é dotada de significados.
A busca pela compreensão está associada com as condutas expectáveis, uma vez que não se pode entender, de fato, o comportamento dos organismos vivos proposto por Durkheim, uma vez que é possível apenas explicá-los de acordo com regras causais, ou seja, aquilo que é entendido a partir da lógica dos sentidos e da consciência que tem para o agente o motivador da ação. O indivíduo dentro desse contexto possui um papel central, mesmo quando o coletivo já está formado, uma vez que é dotado de ações que já existem e buscam vigência, ou seja, se encontram na mente de pessoas reais.
Nesse sentido, a ação sempre se orienta pela ação do outro, carregada de significados dentro de um contexto de relação social como em um almoço de família, aulas na faculdade e, também, no comportamento dentro de um local religioso. Logo, o real significado da ação advém de um processo histórico, ou seja, ganha intangibilidade no contexto de determinadas referências, principalmente, a cultural, a qual consegue moldar as ações dos indivíduos conforme seus preceitos. Segundo Max Weber, o conceito de cultura é um conceito de valor, uma vez que se manifesta e abrange componentes significativos da realidade os quais fazem sentido na consciência e na cosmovisão pessoal de cada indivíduo. Essa ideia está intrinsecamente ligada com a individualidade do indivíduo e o significado das conexões causais desempenhadas pela cultura, tendo em vista que as relações estabelecidas entre ambos possuem o valor que manifesta na realidade, haja vista que toda ação possui significados.
Outrossim, ainda é viável destacar a ideia de "tipo ideal" proposta por Weber, em que expõe pressupostos de como desenrolar uma ação humana baseada estritamente na realidade, a qual necessita suspender o juízo de valor, influenciado por erros e afetos, e conseguir organizar o caos e a complexidade do real. Diante dessas prerrogativas, transpondo para a contemporaneidade, casos de abuso como a da criança de 11 anos, em que a ação imediata de diversos indivíduos foi contradizer o aborto, é preciso ser analisado sem o juízo de valor, ou seja, entender os valores culturais, morais, econômicos e tradicionais que movem os indivíduos a julgarem tal caso, em outras palavras, Weber não está preocupado com o caso em si, mas sim com a ação do indivíduo que problematiza o caso, em seu comportamento e, também, em como esses valores e ideais da ação estão vinculados a determinadas instituições, que estabelecem, mesmo que indiretamente, uma hierarquia valorativa para a manutenção de ideias conservadoras, como no caso da religião e, essencialmente, um enquadramento da ação.
Ademais, o próprio mercado capitalismo e o Estado moderno centralizado, cria os indivíduos como eles são, ou seja, ideias e valores são perpetuados sem que o próprio indivíduo tenha ideia, o qual encontra uma obediência e uma ordem de determinado conteúdo. A dominação, entendida como um modo de condução da vida "vinda de fora", resulta em ações racionais direcionadas a fins e valores, e ações subjetivas afetivas e tradicionais, a qual consegue ser legitimada quando entendida como válida pelo indivíduo. O capitalismo, modelo de sistema vigente, não teria condições materiais de desenvolvimento se essa racionalização da ação fosse inexistente, tendo em vista que os moldes criados por ele estão sendo maximizados para a sua manutenção.
Fica claro, portanto, que o método de ciência proposto por Weber é de extrema relevância para a compreensão da atualidade, principalmente, mediante as inúmeras ações valorativas dos indivíduos, em que são carregadas por instituições que visam manter sua estrutura e, para isso, é preciso que haja dominação. Assim, a ideia proposta por Marx mostra-se relevante, entretanto, as ideias implementadas por Weber trazem à luz as reais motivações, não apenas materialistas, da ação individual.
Natália Lima da Silva
1º semestre Direito matutino
Turma XXXIX