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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Uma visita à livraria.

O interior de uma livraria pode ser muito aconchegante, repleto de histórias, biografias, passagens de vida e aprendizado dos mais variados assuntos, acompanhado de um café e um belo sofá, talvez um momento de paz e reencontro consigo e com a intelectualidade que tanto se busca, em estar cada vez mais atualizado e "evoluído espiritualmente" na era de redes sociais. O simples ato de ler, poderia se dizer num país que registra milhões de analfabetos, já é revolucionário, uma vez que, a resistência para se buscar uma educação digna e de qualidade, afim de alcançar o ensino superior e consequentemente, uma melhor condição de vida. 
Mas afinal, de qual livraria estamos falando? Seria aquela localizada dentro de um shopping com uma clientela mais seletiva, rodeada de outros mil utensílios à venda, além dos livros, acompanhada das mais exclusivas e raras obras literárias? Ou também podemos incluir aquele sebo, que fica num bairro mais afastado, democratizando conhecimento através de sua, talvez não infinita, mas o pontapé para fazer adentrar, quem sabe o jovem ou uma criança e, até mesmo, um senhor de idade que não obteve o privilégio de poder ser alfabetizado, interessando-se apenas depois de uma vida de longas batalhas vividas?
A questão pode parecer de pouca relevância mas quando tratamos do Tipo Ideal, estabelecido por Max Weber, percebemos que o nicho que as livrarias e suas divergências e, até as poucas, semelhanças que as rodeiam, se inserem no tema proposto pelo sociólogo alemão. Onde pares são o foco do estudo pelo pesquisador, compreendendo a sociedade e suas variantes opositoras.
Nesse caso, poderíamos dizer que um leitor assíduo da livraria do primeiro exemplo poderia ser alguém com um maior acesso e facilidade de obtenção de conhecimento, uma vez que, disposto à arcar com o custo de livros de valor elevado, seria uma diferenciação, além do ambiente que este se propõe a estar: dentro de um local rodeado de outros comércios, sendo incentivado visualmente à consumir. Diferentemente do sebo, encontrado em bairros mais afastados dos centros, onde o foco é totalmente ao incentivo literário, rodeado apenas de livros e aqueles que lutam para que o conhecimento seja democratizado, alcançando os mais variados locais, com uma demanda de preço abaixo da média prevista no mercado.  
Podemos perceber que se faz presente, em ambos os casos, o Poder Ideológico, podemos encontrar nos próprios livros, objetos de influência inigualáveis, sua fonte de toda matéria que pode ser transmitida, inclusive variando e mesclando assuntos, por exemplo: O livro comprado num sebo por um estudante de direito, obcecado por esportes, pode ser o mesmo livro que, em edição mais atualizada, um senhor de idade já avançada, pode adquirir na livraria do shopping, por exemplo, uma vez que se presume que ambos possuem interesses em comum. 
Portanto, percebemos que o intuito de adquirir, mesmo um mísero livro, independente do local, pode exercer sobre o cidadão uma influência direta através do modo como ele adquiriu seu produto, a forma como que ele interpretará segundo seu modo de analisar o cotidiano e a forma como esta leitura poderá impactar sua vida e modo de pensar por ali em diante, mesmo este tendo se apresentado como um refúgio para a distração mental, este acaba por englobar muito mais do que apenas o entretenimento literário. 


GABRIELLE A. PINHEIRO - 1ºANO DE DIREITO - MATUTINO 

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