Considerado um dos precursores da sociologia,
Max Weber, sociólogo e jurista alemão, nos deixou um grandioso legado de obras
e conhecimentos. Em sua obra “Conceitos básicos de sociologia”, ele conceitua e
explica diversos entendimentos sobre a sociologia, dentre eles, os conceitos de
poder e de dominação.
O poder, de acordo com Weber, é a imposição da
vontade de uma pessoa, ente, ou instituição sobre um ou mais indivíduos, como o
próprio autor descreve: “Entende-se por poder a oportunidade existente dentro
de uma relação social que permite a alguém impor a sua própria vontade mesmo
contra a resistência e independentemente da base na qual essa oportunidade se
fundamenta” (p. 96). Desse modo, também evidencia o fato de que o poder
independe da aceitação dos indivíduos.
Já no conceito de dominação, enquanto o poder baseia-se
na emissão de uma vontade autoritária, a dominação consiste na recepção e na
aceitação de tal vontade, assim, atribuindo certa legitimidade em tal ato
opressor. Como evidencia o autor: “O conceito sociológico de dominação
consequentemente deve ser mais preciso e pode significar apenas a probabilidade
de que o comando será obedecido.” (p. 97)
O
sociólogo ainda subdivide a dominação em três tipos, a legal, cuja base é a
norma jurídica - tipo de dominação utilizada pelo Estado, que emprega força por
meio das polícias e das forças armadas, mesmo em situações de normalidade
social. – a carismática, cuja base é evidentemente o carisma – tipo de
dominação utilizada por líderes políticos e/ou religiosos, cujo carisma tem a
capacidade de persuasão, para mobilizar e comandar pessoas, independente se de
maneira positiva ou não (como Martin
Luther King, Hitler, Mussolini, e no Brasil, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas
e Lula. – e por fim, a dominação tradicional, cuja base são os costumes, os
ritos, as crenças, sendo assim, a forma mais antiga de dominação existente –
nesse caso encontram-se os exemplos mais variados e abrangentes, como a
sociedade patriarcal, a autoridade de Deus, a força da Igreja e da moral cristã,
etc.
Na
última categoria de dominação é onde se encontra a inconveniência da
perpetuidade de costumes e tradições, pois, assim, surge uma estabilidade
assombrosa à determinado tipo de dominação. As práticas de determinada cultura,
se não violentamente suprimidas, tendem a durar séculos, até mesmo milênios, e sua
força autoritária ligada a elas.
Recentemente,
acompanhamos um caso, dentre milhares, de gravidez proveniente de estupro em
uma menina de 10 anos. Além de determinado em lei, no artigo 128 do Decreto de
Lei n° 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 do Código Penal, que não se pune aborto
praticado por médico em condições de estupro e se não há outro meio de salvar a
vida da gestante, no caso mencionado se enquadram ambos, portanto, não deveria
haver contestação nenhuma por parte da sociedade, porém, diversos grupos
religiosos protestaram em frente ao hospital onde a menina iria se internar,
insultando o médico que iria realizar o procedimento e a menina em si.
Esse caso explicita demasiadamente a força da
dominação tradicional exercida pela autoridade da moral cristã, mesmo que a
Bíblia – documento seguido por esses grupos, e nele constatado a proibição do
aborto – foi escrita há milênios, podemos enxergar seu poder até os dias
atuais.
Para
não citar um autor ateu ou antirreligioso, temos o próprio Papa Francisco, que
em suas redes sociais publicou a seguinte mensagem: “Deus não precisa ser defendido por
ninguém e não quer que o seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. Peço
a todos que parem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à
violência, ao extremismo e ao fanatismo cego”, que viralizou no Brasil pois
esses grupos religiosos estavam justamente incitando ódio e violência, pois ao
seguir com essa gravidez, além de ser uma tortura, poderia causar a morte da
criança.
Felipe Zaniolo de Oliveira, 1° ano diurno.
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