À luz de Max Weber, as relações de poder são inerentes à qualquer relação social, independendo da classe dos sujeitos. Desse modo, o indivíduo busca impor suas vontades sobre o outro, tentando, assim, controlar as ações de outrem. Essa perspectiva de dominação é intrínseca à vida social, de maneira que, em certas situações, para o indivíduo se destacar, ele mostra que possui o poder de apropriação diferenciada de recursos escassos, como o conhecimento.
Contemporaneamente, têm-se, no cerne acadêmico, uma exigência e expectativa de uma linguagem hermética, composta por palavras sinuosas, de difícil compreensão. No campo do direito, isso não é somente requerido, como também um instrumento de poder e domínio do outro, visto que, primeiramente, ao não entender o vocabulário rebuscado do jurista, o cidadão médio torna-se obsoleto por não saber e nem ter recursos linguísticos para participar da discussão. Em segundo lugar, o uso de um vocabulário dificultoso e complexo, para muitas pessoas, significa inteligência e superioridade, mostrando, assim, quem está no poder. Infelizmente, ao apoderar-se de um artifício tão escasso como o conhecimento, o indivíduo (nesse exemplo, o jurista) exclui a parcela da população que não tem tal privilégio.
Assim, para Weber, é papel da sociologia identificar e entender por que o indivíduo age dessa forma. Segundo o pensador, as relações de poder estão intrínsecas em nossa cultura, a qual explica a ação dos agente sociais, ou seja, é ela que explica o porquê do jurista possuir necessidade de se sobrepor e se distinguir socialmente por meio da linguagem. Dessa forma, o jurista age de tal modo pois cada indivíduo carrega seus valores nas suas ações sociais cotidianas, de acordo com sua visão de mundo, ou seja, o indivíduo pondera e escolhe (inconscientemente), entre os possíveis valores em questão, aqueles que estão de acordo com sua própria consciência e cosmovisão pessoal.
Logo, segundo a visão de mundo de tal indivíduo, o uso da linguagem hermética em seu trabalho e cotidiano é uma forma de distinção social, o qual procura se distanciar das pessoas de classes inferiores e busca admiração dos outros acadêmicos. Sobretudo, essa linguagem inacessível não é só responsabilidade do jurista, visto que o sistema em que vivemos impõe regras e exige o uso de norma culta em todos trabalhos acadêmicos, como é o caso da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por fim, essa relação de poder e domínio sobre o outro por meio do uso do conhecimento está intrínseca tanto ao indivíduo quanto às instituições
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