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domingo, 9 de agosto de 2020

Homo Sapiens: A representação do "Asno de Ouro" ?

 

Há muitas eras, o conceito de civilização era compreendido de uma maneira muito distinta a dos dias hodiernos. Durante a Pré-História, os povos viviam única e exclusivamente para garantir sua subsistência, sendo imprescindível a manutenção do preceito da coletividade. Conforme o passar do tempo, essa união entre indivíduos fora se transfigurando em uma necessidade incessante dos mesmos se rivalizarem, a fim de obterem uma vida mais estável, e também uma posição de maior prestígio social.

Parafraseando com o sociólogo francês Émile Durkheim (1858 – 1917), a sociedade deve possuir um comportamento biológico, sendo necessária a interação das partes para efetivar o pleno funcionamento da matéria. Analogamente com essa reflexão, infere-se que a conduta da atual civilização, em âmbito global, adquiriu uma posição antagônica ante à perspectiva durkheimiana, em decorrência, principalmente, da cristalização dos ideais capitalistas.

Outrossim, é cabível destacar a evidente padronização social a qual foi imposta aos mais diversos núcleos sociais. Ainda relacionado com as teorias do célebre sociólogo, as atitudes dos cidadãos são condicionadas por fatores gerais, coercitivos e exteriores, corporificando assim o denominado fato social. Desse modo, fica explícito que a não convergência com os arquétipos tolerados pela janela de Overton ou janela do discurso, pode o submeter a condição de The Odd One Out gíria estadunidense utilizada para indicar algo que está fora do senso comum fazendo assim com que a pluralidade de ideias se torne cada vez mais escassa em debates públicos.

Destarte, percebe-se que a própria ordem taxonômica que designa a espécie humana, “Homo Sapiens”, termo que deriva do latim "homem sábio", não retrata com precisão a posição espiritual e intelectual do Homem moderno. Na obra de Lucius Apuleius, “O Asno de Ouro”, a expressão "asinina cogitatio" (“raciocínio de burro”, em latim), tem suas raízes interligadas com os hábitos do próprio animal quadrúpede, sendo este um ser teimoso, ignorante e estúpido, e que reproduz com exatidão as ações de muitos “Homens Sábios” presentes na Contemporaneidade. Quiçá em alguma época posterior a qual se vive, os seres humanos modernos possam fazer jus ao nome que a ciência os atribuiu


Mateus de Oliveira Medeiro - Curso: Direito - Turno: Noturno

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