Desde a chegada dos portugueses ao
Brasil, em 1500, observamos uma acentuada destruição de nossas florestas
naturais, sendo a Mata Atlântica e a Amazônia as mais afetadas. Isso era feito
visando principalmente interesses capitalistas de comércio, em que abastecíamos
com os nossos produtos a nossa metrópole, à época, Portugal. Com o passar do
tempo, essa exploração tornou-se ainda mais cobiçada, já que tínhamos um mundo
muito mais globalizado, em que as colônias eram peça fundamental para os países
dominantes, começando novos ciclos em nosso território, sendo a Mineração um dos
principais. Atualmente, em nosso evoluído e conturbado século XXI, observamos
uma retomada dessas atividades, sendo agora não mais uma relação de colônia-metrópole,
mas sim de dominante-dominado. Em meados de 2020 vemos um desmatamento
crescente de aproximadamente 30% em relação aos anos passados. Muitos desses
motivos estão relacionados a líderes de governo que tratam com descaso nossa
flora, em troca de auxílios internacionais que beneficiam principalmente os
grandes empresários.
Émile Durkheim, sociólogo dos
séculos XIX e XX, em seus estudos, abordou temas relacionados a sociedade e os
indivíduos que nela exercem suas funções, desempenham seus papéis e vivem de
maneira coletiva. Um dos principais fundamentos de Durkheim, colocados em sua
própria visão, é a questão acerca da solidariedade em nosso meio social. Esta,
que pode ser dividida em mecânica e orgânica, se baseia na ideia da renúncia
das vontades individuais para a preponderância das vontades coletivas, fazendo
uma modificação nas condutas sociais em prol do benefício de todos.
Com isso, podemos observar que nos
dias de hoje ocorre uma inversão completa das ideias do sociólogo, onde a elite
brasileira, minoria, caracterizada por chefes de Estado e pessoas com elevado
poder aquisitivo, se abstém da ideia de pensamento coletivo e passa a exercer
condutas que trazem benefícios próprios, enquanto a massa populacional se
concentra à margem do meio social. O desmatamento na Amazônia se torna um dos
principais pontos a ser colocado em questão, já que os locais ocupados serão
responsáveis para futuros empreendimentos de empresários brasileiros e
estrangeiros, visando somente o lucro destes. Isso é fruto de um longo processo
de evolução e amadurecimento do capitalismo, em que o ideal liberal se sobrepõe
a qualquer vontade coletiva, e que os detentores do lucro são os principais
responsáveis para obtermos uma melhor condição de vida na sociedade em que
vivemos. Assim vemos que ocorre uma fuga das ideias de Durkheim no meio
político, mas principalmente no meio econômico.
Portanto, vemos que esses moldes
aplicados à política e à economia do Brasil são diametralmente opostos as
ideias postas pelo sociólogo, por conta, indubitavelmente, dos líderes
políticos atuais. Assim, conseguimos observar não apenas um desmatamento
natural, mas também um desmatamento social, provocado pela inversão do ideal solidário
de Durkheim, fazendo com que tenhamos não uma adoração ao coletivismo, mas ao
fascismo.
Gustavo Muglia de Souza –
Direito matutino
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