Boaventura de Sousa e Santos em seu livro "As bifurcações da Ordem", mais precisamente no capítulo 7 "Para a teoria sociojurídica da indignação" faz uma análise crítica da atual conjuntura política, tratando dos protestos, os quais ele chama de protestos da Indignação, de 2011 a 2013, como a Primavera Árabe, Occupy nos EUA e os protestos "Não é por 20 centavos" do Brasil. Além disso, engendra também a respeito do direito atual e sua dualidade, entre os 99% e 1% da população.
Pareceu-me de grande similaridade, compara-lo com a palestra acerca do capitalismo hodierno ministrada por Marcio Porchmann, pois ambos observam que o mundo contemporâneo é administrado, na verdade, pelas grandes corporações e pelo mercado financeiro, quebrando a ideia generalizada de Estado representando o Poder.
O Brasil se encontra, nesse contexto, para ambos, em uma posição neocolonial, por conta de seu capitalismo tardio e da atual submissão ostensiva, motivada pelo governo Temer, em relação aos EUA. Nesse contexto, afirma Marcio que o Brasil tem um governo de classe, não de coalizão, concordando mais uma vez com Boaventura que diz que os protestos são resultado da indignação perante a demasiada desigualdade social que assola não só o Brasil, como o mundo.
Outra reflexão interessante de Boaventura paira na discussão sobre a bifurcação que o Direito faz quando se refere aos 99% mais pobres e o 1% mais rico. O direito dos 99% é composto pela violência e burocracia, quando os do 1% é feito pela retórica. O correto seria que todo o Direito fosse composto pela tríade, para compor a discussão(retórica); organização (burocracia) e coação (violência), mas ele se mostra completamente arbitrário quando pune pequenos roubos, uso de drogas como tráfico ou criminaliza protestos sociais, porém se isenta dos grandes casos de corrupção empresariais.
Ambos discutem também sobre o desfalecimento da democracia na atualidade. Para Boaventura, vive-se uma democracia na política, mas um fascismo na sociedade, produzido por ela própria, a qual os indignados querem lutar contra, não sendo, portanto, somente em desacordo com o governo. Além disso, vive-se atualmente a completa descrença nas instituições, em virtude da corrupção, da falta de representatividade e legitimidade. Nesse aspecto, Marcio constrói a ideia de que não existe democracia sem instituições que a ponham em prática, portanto conclui que a democracia está em processo de mudança.
Sabido que então, o mundo é governado por um pequeno número de pessoas que detêm uma grande quantidade de dinheiro, dando-lhes poder, conclui-se, portanto, que vivemos, com o avanço do capitalismo financeiro, uma plutocracia, a qual Boaventura e Marcio traduzem com a epistemologia desse novo contexto de sociedade.
Texto referente a relação entre a palestra e Boaventura. Do grupo composto por: Júlia Kleine Mollica, Sabrina David dos Santos; Júlia Marçal; Jaqueline Calixto e Thiago Checheto
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