Emile Durkheim
produziu uma imensa obra crítica que apesar de elaborada a mais de um século nunca
se torna anacrônica, enquadrando-se mais do que nunca em nosso cotidiano. Ainda
assim sua obra sofre de certo preconceito por ser considerada conservadora na
medida que diz que a sociedade não existe para garantir o bem estar dos indivíduos, não segue obrigatoriamente um progresso
linear e sim ciclos isolados , eliminada a ideia de que a sociedade é guiada
pela revolução e diminui o peso individual das pessoas. O equívoco está em não entender que ele apenas
descreve-a, acreditando que esse é o papel do sociólogo, entender e explicar a
realidade de uma sociedade exatamente como é.
Desta forma
ele nos mostra que a tendência da sociedade é sempre se conservar e faz isso
com o fato social e com a causa eficiente, emanando-se sempre dela própria e
nunca do indivíduo. Poucas ações são independentes. O próprio individualismo se
cria na moral, na consciência coletiva, sendo o homem independente utópico.
Até o amor,
que é considerado um sentimento orgânico, é um fato social. Desde crianças embute-se
na educação, através de filmes, livros e tradições a ideia de um dia encontrar
um amor verdadeiro. Não encontrando esse sentimento tão disseminado as pessoas
tornam-se frustradas, fazendo loucuras em nome deste. Mas o amor nada mais é
que uma ideia implantada para justificar outro fato social, o casamento, e atingir uma causa eficiente: a
procriação para conseguir mão de obra. O que chamamos de amor nada mais é que
uma boa convivência, um companheirismo, apego. A influência do coletivo já está embutido em
nosso agir e pensar que nem mais é percebido. Qualquer pessoa que viva em
contato com outras segue preceitos e regras para se tornar possível a convivência.
Quem percebe e tenta fugir dessas regras torna-se isolado.
O organismo social durkheimiano é tão interligado
que se uma instituição deixa de cumprir seu papel desencadeia problemas com
toda a coesão, entrando em um estado de anomia. Essa característica é bem explícita
na música de Renato Russo “Mais do mesmo”,
além da ausência de autonomia quando diz no trecho “desses vinte anos nenhum foram feitos para mim” e “Bondade sua me explicar com tanta determinação/
Exatamente o que eu sinto, como penso e como sou/
Eu realmente não sabia que eu pensava assim”
https://www.youtube.com/watch?v=rKC2FD046_Y
Letícia Garozi Fiuzo- Direito Noturno
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