Quando a educação funciona ela
forja indivíduos aptos ao universo produto da sociedade capitalista, forja
indivíduos dentro de uma moral que condiz com a ética dessa sociedade (respeita
a propriedade, os contratos e os direitos humanos – do ponto de vista teórico),
seu modo de conduta dificilmente o levará a um comportamento longe da moral
republicana ou religiosa, ainda que ele possua desejos fora destes aspectos. Tornando
o indivíduo funcional em muitos aspectos dentro dessa sociedade.
Mas o que acontece quando, não
apenas a educação, mas diversas instituições dentro de uma sociedade não
funcionam da maneira adequada, ou esperada? A disfuncionalidade da educação
pode gerar uma massa de manobra, causar alienação, inserção de profissionais
não capacitados no mercado de trabalho e principalmente, contribuir para a manutenção
do sistema impedindo a alternância de poder. Se o indivíduo não serve para a
produção, não serve para pensar, em uma sociedade que depende de engrenagens
que aprimorem permanentemente as relações de trabalho e de produção, o que
acontecerá com esse indivíduo? Suas próprias ações serão disfuncionais em
relação ao resto da sociedade, entrando em uma espiral de marginalidade diversa
e se alienando cada vez mais.
A disfuncionalidade não se
restringe apenas à educação, ela ocorre quando apenas uma parte da sociedade está funcionando dentro do modelo esperado, questão comum no direito atual. O mau
funcionamento de uma instituição tão importante para a prosperidade da
sociedade, pode ser apontando como umas das principais causas de um problema muito comum atualmente, os linchamentos. A aplicação de uma
punição serve para projetar para a sociedade que aqueles que ameaçarem
a sua coesão sofrerão restrições, a falta dessa repreensão para aqueles que não
respeitam essa condição gera uma sensação de impunidade. Fazendo com que a necessidade de que
algo seja feito apareça, e como a instituição responsável
por isso não age da forma que grande parte dela espera, a população age por conta própria, a fim de manter a ordem usual para a população que concorda com isso. O mais importante da
pena não está no indivíduo que a sofre, mas sim em mostrar para os demais o que
acontece em caso de transgressões.
Camilla Bento Lopes - Direito Noturno
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