Émile
Durkheim, nascido na França, é o responsável por consolidar a sociologia como ciência.
Na época (meados do século XIX e início do século XX), a sociologia, como
qualquer outra ciência humana, não eram creditadas assim como deveriam, não
muito diferente de hoje. Suas pesquisas não geram (e nunca geraram) um produto
material, palpável, comprável, lucrável. Passamos pela desvalorização atual das
matérias propedêuticas e até por um projeto pedagógico com ideias de diminuir a
carga horária das mesmas dentro da universidade. Por mais que a área não
atraia olhares investidores externos, é justamente nela que encontramos
respostas para nossos problemas políticos e sociais que tanto nos atormentam.
A
sociologia de Durkheim tem como objeto de estudo o fato social: tudo aquilo que
conduz o indivíduo e independe dele, sendo assim gerais, independentes e
externos. O fato social está o tempo todo a exercer pressão sobre o indivíduo
para que aja conforme o coletivo, indo contra tal “maré” se encontra
resistência dessa regra geral, com coerções sociais, seja por forma de norma ou
moral. Ir contra um padrão imposto pela sociedade (roupa, aparência, hábitos, comportamento)
como tatuar o corpo em parte de grande exposição ainda causa) olhares tortos e
comentários pejorativos (forma indireta de coerção). Já as formas diretas são
bem mais visíveis, geralmente acompanhadas de punições e advertências, e quando
não limitam a liberdade individual e os direitos fundamentais garantidos a ele,
menos preconceituosas do que vemos atualmente.
O
método de estudo e pesquisa sociológica do pensador se aproxima muito do
positivismo de Comte (mesmo fazendo críticas a ele). Durkheim deixa explícito a
necessidade de enxergar o fato social como coisa, como se fosse o objeto de
estudo de uma ciência exata, como a química, estabelecendo assim também certo
distanciamento e imparcialidade, despindo-se de sentimentos passionais que
poderiam afetar o resultado do trabalho. Trouxe algum tempo depois um funcionalismo
em sua base, abandonando definitivamente o positivismo que de tanto criticava,
explicitando que qualquer que fosse o fenômeno social, ele não surge apenas da
vontade do indivíduo, mas sim das implicações internas. Quando sancionamos uma
lei, não a sancionamos sem antes possuirmos uma “causa eficiente”. Quando
criada a constituição de 1988, por exemplo, o artigo 5 estabelece a garantia da
liberdade de expressão e de pensamento justamente para que as intensidades dos
sentimentos de cidadãos que acabaram de deixar um regime ditatorial e censurador,
sejam amenizados.
Durkheim
defende que esse estudo seja feito da forma menos superficial possível assim
como qualquer outra ciência, pois só assim se poderia se afastar do senso comum
e gerar “produtos” realmente aproveitáveis para a sociedade e a solução de seus
problemas sociais. Ainda é preciso enxergar qualquer outro estudo da área humana
da mesma forma, para que no momento em que expormos os resultados do estudo,
nos dê credibilidade.
Ana Carolina Gracio de Oliveira (1º ano - Direito - Diurno)
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