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domingo, 15 de abril de 2012

Visão holística: sistemas interligados


René Descartes inovou o pensamento de sua época ao expor, em sua obra “O Discurso do Método”, uma nova teoria para o caminho científico.  O pai do racionalismo defende a fragmentação do objeto de estudo para o alcance de um conhecimento aprofundado, porém, até que ponto essa divisão de todas as coisas não influencia no que o cartesianismo considera verdade?
O filme “Ponto de Mutação”, baseado no livro de Fritjof Capra, busca discutir as consequências dessa técnica mecanicista de analisar e estudar tudo o que está a nossa volta. No filme, um político (Jack), um amigo poeta (Thomas) e uma cientista (Sonia) argumentam sobre como antigas ideias filosóficas são atuais ou ultrapassadas. A ideia que ganha destaque é a defendida pela cientista que, por influência de sua profissão como física, enxerga tudo como sistemas interligados, capazes de gerar consequências sobre os demais. Tal ideia mostra-se contrária à proposição de Descartes, que idealizou a divisão de todas as coisas para analisá-las profundamente.
É fato que Descartes revolucionou a ciência de sua época, mas tal método mecanicista tem falhas e, como defende a personagem, todos os sistemas do mundo estão interligados, não só nas ciências naturais, como também nas humanas e exatas.
Refletindo sobre tal assunto sob a visão das ciências humanas, o político não consegue desvincular-se de seu prisma pragmático. Vincular a teoria dos sistemas interligados à sua área de atuação é demasiadamente complexo por se relacionar com a sociedade, que exige, por meio da turba, ações práticas para resolver problemas, como se fossem situações isoladas.
Atualmente, é raro deparar-se com situações que são resolvidas visando às consequências sobre outros sistemas. De fato, o método de Descartes ainda se mostra atual por seu racionalismo, porém a evolução das ciências evidenciou que tudo no mundo está interligado, seja na natureza, na política, na astrologia ou até mesmo nas relações que regem uma sociedade. Analisar apenas um aspecto de determinado problema é negar atenção a tantos outros que geram, por consequência, o problema analisado.
É de suma importância que o ser humano busque não só trocar a peça que está com problema, mas procurar resolver o que está causando tal contratempo nela.
Dessa forma, os que compreendem que o mundo é composto por vários sistemas que se interligam, e que ele próprio faz parte de um outro, consegue ter uma visão holística dos problemas e assim atinge uma reflexão de maior complexidade. Ao examinar a realidade como um conjunto de sistemas integrados, e não mais da forma cartesiana fragmentada, é possível analisar melhor as causas dos problemas e assim solucioná-lo de maneira mais eficaz.

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