1698,1796,1969. O que essas datas têm em comum? Esses anos foram marcados por grandiosas descobertas científicas, sejam elas a criação da primeira máquina a vapor, da primeira vacina e da primeira viagem do homem à lua, respectivamente.
Nesse sentido, a ciência moderna, responsável por inúmeras contribuições tecnológicas, foi discutida, primordialmente, pelos
filósofos empíricos como René Descartes e Francis Bacon, os quais, futuramente,
tornar-se-iam os grandes cientistas modernos. Logo, propondo um método
científico baseado na razão empírica e, fundamentalmente, experimental e
observatória, esses autores determinaram uma nova face da ciência. A ciência da
razão.
A partir desse cenário, a razão, como fundamento
principal para o conhecimento, passou a ser cada vez mais valorizada pelas pessoas.
No entanto, vale ressaltar que essa tão apreciada racionalidade se subdivide em
duas: a razão pública e a razão privada. Com isso, tendo como base o pensamento
de Charles W. Mills, no qual há a defesa da ideia de que o todo interfere o
individual, é necessária a atenção no que tange à transição da razão privada para
a pública e vice-versa.
Nessa perspectiva, muitas vezes na história houve essa
mudança, na qual um pensamento individual tornou-se público e coletivo. À guisa
de exemplo, há os famosos regimes autoritários que vigoraram durante o século
XX. Nesses governos, a razão privada de um indivíduo, ressignificou-se para a razão
pública, ganhando milhões de adeptos a determinada ideologia. Dessa forma, nota-se a
linha tênue entre essa transição, a qual pode acarretar a danos seríssimos à sociedade,
principalmente quando essa razão traz consigo o ódio e o repúdio às minorias
sociais.
Nesse contexto, é cada vez mais comum situações e atos
racistas, homofóbicos, machistas, aporofóbicos, antissemitas, entre outros, permeando
a sociedade e sendo cada vez menos discutidos, reforçando, exponencialmente, um
sistema de dominação e opressão. Com essa prática, o “um” passa a representar “todos”
e “todos” passam a ser representados por “um”.
Maria Clara Cossentini Campos, 1º ano Direito, Noturno. RA: 241223377
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