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domingo, 17 de março de 2024

Racismo no ambiente universitário: O sinônimo de hipocrisia

 A aprovação da Lei de Cotas em 2012 no Brasil representou um marco importante na luta contra o racismo estrutural, reservando 50% das vagas nas universidades e institutos federais para pessoas PPI (preto, pardo e indígena) que cursaram o ensino médio público. No entanto, mesmo em um ambiente acadêmico onde se espera que o conhecimento e a razão prevaleçam, o racismo continua presente. Essa persistência do preconceito destaca a complexidade do desafio de promover a inclusão étnica e a necessidade urgente de conscientização e ações concretas para garantir um ambiente acadêmico verdadeiramente inclusivo e respeitoso para todos.

 Para entender a complexidade do problema e como ele se manifesta no ambiente acadêmico, faremos uso de um conceito de Francis Bacon. A Antecipação da Mente define-se como a tendência de um indivíduo interpretar o mundo de acordo com seus valores, vivências e preconceitos. Em outras palavras, um indivíduo com preconceitos raciais pode antecipar que uma pessoa de determinada etnia seja incompetente, inferior ou até mesmo perigosa para frequentar um ambiente de prestígio como uma universidade. Essa tendência de antecipação influencia diretamente a percepção e o tratamento de indivíduos pertencentes a grupos étnicos minoritários, perpetuando a exclusão e a marginalização no meio acadêmico.

 A autora de "Memórias da Plantação", Grada Kilomba, vivenciou diversas situações racistas descritas em seu livro, desde as dificuldades de realizar a matrícula até as dúvidas sobre sua legitimidade como aluna da Universidade de Berlim. Essas experiências reais ilustram vividamente como o racismo persiste no ambiente acadêmico, que apesar da evolução no conhecimento científico em geral, os grupos étnicos minoritários sempre serão vistos da mesma forma. É evidente que o academicismo muitas vezes se mostra dominante, suprimindo não apenas as vozes dos marginalizados, mas também suas ideias, experiências e valores.

 Portanto, o mundo acadêmico revela-se como hipócrita, não cumprindo seu dever de seguir pelo conhecimento e pela razão, tornando um ambiente que era para ser inclusivo e respeitoso em um lugar exclusivo e hostil. A persistência do racismo no meio acadêmico é um lembrete contínuo da necessidade urgente de enfrentar essas questões de frente e trabalhar ativamente para promover uma cultura de inclusão e equidade em todas as instituições de ensino superior.

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