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domingo, 17 de março de 2024

Nego, logo existo.

   No cenário pandêmico e pós-pandêmico, notou-se como o negacionismo proliferou-se tanto no âmbito político como no que tange à saúde pública. Infelizmente, a relação entre esses dois conceitos foi extremamente corrosiva para a sociedade brasileira, devido a grandes figuras públicas do cenário político do país não hesitarem em espalhar desinformação acerca do Covid-19. Assim, vê-se como a sociedade abandona o método científico e opta por tomar suas decisões baseando-se apenas em opiniões e crenças populares; a pergunta que fica é: por quê?

  Sabe-se que, num cenário de desigualdade politica e social, nem toda a sociedade tem acesso à informação. Entretanto, é interessante e entristecedora a maneira que a parcela social que tem acesso ao conhecimento escolhe renegá-lo. O sociólogo Charles Mills descreve o conceito de imaginação sociológica que, para o autor, seria a maneira do indivíduo entender-se olhando a partir de um ponto de vista externo. Ao trazer esse conceito para o contexto negacionista atual, fica perceptível como a sociedade brasileira continua a desacreditar na ciência, mesmo com sua constante evolução.

  Somado a isso, contrapõe-se à óptica de Renè Descartes, que acreditava na metodologia científica para alcançar-se a razão. Atualmente, pode-se observar na sociedade o quanto as pessoas buscam acreditar no que é confortável para elas; como observou-se o ex-presidente Jair Bolsonaro defendendo diversos medicamentos não eficazes contra o vírus causador da pandemia, e, consequentemente, diversas pessoas aderindo aos conselhos do político. As pessoas tentam ao máximo continuar acreditando no que é preferível a elas, negando, assim, o que bem querem.

  Dessa maneira, nota-se como a imaginação sociológica de C. Wright Mills encaixa-se na sociedade negacionista atual: “Quando os estimam [certos valores] mas sentem que estão ameaçados, experimentam uma crise[…]. E, se todos os seus valores estiverem em jogo, sentem a ameaça total do pânico.” Portanto, a sociedade tende a negar o conhecimento que a é ofertado, contrariando o método científico de Renè Descartes e não exercitando a imaginação sociológica de Charles Wright Mills, apenas nega.


Maria Paula Gutierres Bouças  1° ano noturno   RA 241222443


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