Na atual sociedade brasileira, decorrente de décadas de
exploração pelo colonialismo, a desigualdade social ainda é uma realidade, onde
diversos grupos são deixados à margem social. Como dito por Grada Kilomba
(2019), estar a margem é fazer parte de um todo, mas não do corpo principal,
para os negros principalmente, há uma desumanização e uma marginalização abrangentes,
em especial no meio acadêmico.
As cotas raciais são frequentemente questionadas e muitas
vezes sofrem com tentativas de extingui-las, pelo medo dos oprimidos terem
acesso a locais e vivências que a dominação não quer inclui-los. Mesmo com a permanência
das cotas em universidades, raramente se encontram pessoas negras em cargos
concursados ou de alta patente, lugares de uma majoritária hegemonia branca. Em
situações como essa é possível perceber a forma como a estrutura de uma sociedade
impacta de forma individual e pessoal.
Segundo Wright Mills a Imaginação Sociológica permite que se
compreenda as relações entre questões públicas estruturais e as perturbações
pessoais. O Brasil é portador de um racismo estrutural que impacta cotidianamente
a vida de milhares de pessoas negras, tanto no meio acadêmico e administrativo,
com as frequentes tentativas de excluí-los para que nada seja questionado,
tanto na vida em sociedade, onde é possível analisar as mais variadas situações
em que a violência, muitas vezes mortal, contra os negros são propositalmente
amenizadas e naturalizadas, como algo comum e justificável.
No texto “Quem pode falar?” de Grada Kilomba (2019) é possível relacionar milhares de situações que outras pessoas negras também vivenciam, onde o racismo, tão naturalizado, oprime esses indivíduos; Wright Mills documentou sua perspectiva em 1965, mas ela é ainda mais atual na contemporaneidade globalizada do que quando foi escrita, já que milhares de indivíduos tem suas vidas pessoais impactadas e perturbadas por questões estruturais de uma sociedade que ainda vive em meio a uma dominação branca.
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