Um dos pontos mais importantes da obra “O Manifesto
do Partido Comunista”, de Marx e Engels, é o tema sobre a Luta de Classes.
Nele, os autores abordam a exploração feita principalmente pela Burguesia sobre
o proletariado, por meio do conceito de mais-valia, que seria o pagamento de
uma pequena parcela do valor total de um produto, produzido pelo próprio proletário.
O caso se torna extremo ao analisarmos o trabalho escravo, no qual nem uma mínima
parcela ou uma parcela ínfima é paga, não dando condição ao indivíduo para sobrevivência.
Embora teoricamente a escravidão tenha sido abolida, ainda há práticas
escravocratas ocorrendo no mundo todo. Isso fere todos os princípios dos
Direitos Humanos, o da Dignidade da pessoa humana, o da liberdade. É por isso
que os consumidores devem se informar da origem e do processo de fabricação dos
produtos que adquirem. Assim, iniciativas como o do professor e blogueiro
Leonardo Sakamoto, que criou um app chamado “Moda livre”, o qual pesquisa e
questiona sobre os processos de fabricação e fiscalização das marcas de roupa(como Zara, John John, C&A, Bobô)
para atenuar tais práticas torpes.
É interessante notar a aproximação do Darwinismo
Social, de Spencer, que discerne sobre o fato “a sobrevivência do mais forte,
apto” nessa conjectura do trabalho escravo e também na análise de Engels sobre
a visão mercadológica de competição em sua obra “Do socialismo Utópico ao
Socialismo Científico”, para ele o mercado iria ditar as regras do jogo do
capitalismo, da “sobrevivência”, sendo todos os indivíduos subordinados a ele.
Essa visão abstrata e onipresente de Mercado, quase como uma Divindade, é um dos
tópicos imprescindíveis da obra. Como alegoria, pode-se citar o filme “o Lobo
de Wall Street”, no qual os corretores de ações, em uma das cenas, se tornam
animalizados devido à concorrência imposta pelo Mercado.
É valido destacar que Engels via o socialismo
como uma consequência do desenvolvimento histórico, e diferentemente de outros
filósofos, via o socialismo como algo real, e não apenas utópico. Para isso, a
Sociedade passaria por fases, desde o Feudalismo, Capitalismo, passando pelo
Socialismo e tendo fim no Comunismo, cuja marca é a ausência do Estado. Assim,
analisando a Ideologia Socialista, denota-se que a origem da desigualdade está
na propriedade privada, que segundo Marx e Engels, deveria ser abolida para se alcançar
a igualdade. Desse modo, a Revolução deveria ser feita em tempos de crise, em
que o caos e o descontentamento da população seriam o estopim para a
transformação social.
Por fim, há o conceito de materialismo dialético
que é definido como a influência do ambiente, dos fenômenos físicos, dos
organismos que moldam o ser humano, a sociedade, a cultura. Para Engels e Marx,
deve-se partir do racional e do real (diferentemente de Hegel, que partiria da
ideia e da abstração), da verdade das determinações para o pensamento, como
Marx afirma: “o concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações(...).
Por isso, o concreto aparece no pensamento como processo de síntese, como
resultado, não como ponto de partida”. Assim, Engels defende o materialismo. Ele afirma que as
respostas não estão nas ideias, mas sim na própria História, no real. É uma
análise bem pragmática para a resolução de problemas, pois não há abstração.
Deve-se lidar com o real, se baseando nos fatos históricos.
Felipe Vital Siqueira dos Anjos, Direito Noturno
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