No filme "Ponto de Mutação", um importante questionamento acerca da validade dos métodos cartesianos e baconianos é trazido à tona. Estes, que representaram grandes passos para a evolução científica e que atualmente configuram-se como os métodos mais prestigiados pela sociedade para a obtenção de conhecimento, são vistos por uma das personagens do filme como ultrapassados para a atualidade, assim como é obsoleto um relógio de pêndulo hoje quando se tem os digitais.
A consideração feita por esta personagem em minha concepção é válida e muito real, posto que ambos os métodos nos levam a um pensamento científico e racional, todavia, trouxeram consigo, a partir da especialização do conhecimento, a perda da visão do todo, e consequentemente, a não percepção dos efeitos que determinadas medidas gerarão na sociedade. Quando se inventa por exemplo, automóveis que se utilizam de combustíveis fosseis para a sua combustão interna, não se consideram os impactos ambientais gerados por estes. Desta forma, a falta da visão do todo somada ao capitalismo selvagem que visa lucros cada vez mais exorbitantes gera impactos ambientais e sociais enormes, fazendo com que por exemplo, enquanto uns andam de jato particular, milhares morram de fome diariamente.
A questão do progresso científico, ao meu ver, configura-se como um paradoxo. De um lado a tecnologia evolui de maneira absurda, mas ao mesmo tempo esta tecnologia não é utilizada a favor das mazelas sociais. Ao contrário, é usada como forma de destruição em guerras, como forma de controle e de medo. Talvez o relógio de pêndulo devesse ter parado no tempo, e Descartes e Bacon devessem ter ficado em seu tempo. Porque, às vezes, muito método e muita objetividade podem gerar uma ciência maligna.
Daniela Negri 1o ano Direito- turno Matutino.
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