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domingo, 25 de maio de 2025

O processo de institucionalização do racismo a partir da lógica weberiana

      Max Weber foi um sociólogo majoritariamente reconhecido pela sua corrente sociológica conhecida como “sociologia compreensiva”. Além disso, ele nos apresenta sua lógica perante a conceitos imprescindíveis para entender o funcionamento da sociedade atual e principalmente as relações de dominação dentro de uma sociedade de classes permeada por desigualdades, sejam elas em âmbitos de gênero, religião, sexualidade, idade ou raça. A partir disso, é possível analisar o texto “Raça e racismo” de Silvio Almeida através da lógica weberiana, uma vez que, além de abordar e explicar os conceitos que dão nome ao texto, Almeida se preocupa em explicar diferentes concepções do racismo e a maneira na qual ele se perpetua e se enraíza na sociedade, de forma que passa a ser normalizado e como consequência disso, legitimado. 

   Inicialmente, tem-se que para Weber a dominação é o exercício do poder, este que é toda a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social. A dominação não consegue se manter apenas por “motivos materiais”, como o dinheiro, ou por “motivos afetivos”, como amor ou medo, tais fatores ajudam, mas são insuficientes para a manutenção de um sistema de dominação. Dessa forma, a fim de se manter, todo o tipo de dominação busca convencer o corpo social de que é legítima, e conquista isso através da sua normalização.  

 

  Em seu texto, Silvio Almeida coloca que o racismo não é apenas um ato individual ou de grupos, mas sim uma forma de dominação que está internalizada na estrutura da sociedade, nas instituições e em seu funcionamento, se reproduzindo de uma forma “naturalizada”, fazendo com que as pessoas deixem de questionar essa violência. Diante disso, Weber ajuda a entender como esse sistema se mantém ao identificar esse tipo de dominação como tradicional, aquela que baseia seus fundamentos de legitimidade na tradição, em falas como “sempre foi assim”, de modo a normalizar essa dominação racial como um simples costume herdado da sociedade. Para Weber, é exatamente isso, essa naturalização, que legitimaria, ou seja, forçaria a obediência das pessoas, e ainda atuaria como ferramenta para esse tipo de dominação continuar existindo. 

  

  Ademais, Almeida trata de diferentes concepções do racismo, dentre elas temos o racismo institucional, que resulta do funcionamento das instituições, essas que tem a capacidade de influenciar e moldar o comportamento humano, tanto do ponto de vista das decisões e do pensamento racional, quanto dos sentimentos e preferências. Além disso, deve-se levar em conta que as instituições também estão dentro da sociedade e por isso carregam os conflitos existentes nela, tal como os conflitos entre grupos que querem assumir o controle dessa instituição.

   

Desse modo, a desigualdade social é uma importante característica da sociedade e se relaciona com a hegemonia de certos grupos dentro das instituições, esses que detém o poder pois tem domínio da organização política e econômica e fazem a manutenção desse poder através da institucionalização de seus interesses. Um exemplo prático seria a dominação dos homens brancos em instituições públicas e privadas que depende de regras que dificultem a ascensão de negros e/ou mulheres somado com a naturalização da desigualdade racial. Essa situação ilustra perfeitamente o raciocínio weberiano, já que mostra a maneira como essa dominação é legitimada pela normalização e institucionalização de valores que beneficiam um grupo racial específico, e por conseguinte os internaliza na sociedade, dando continuidade e reafirmando a dominação do homem branco.   



Catharina Passos Tomasella - 1ano direito matutino - texto 5 com a temática "dominação"

   


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