A obra de Axel Honneth trata sobre a luta pelo
reconhecimento seguindo o modelo teórico de Hegel. No entanto, devido à visão
idealista deste, utiliza o método empírico para analisar o que uma “relação
imperturbada” necessita, utilizando da intersubjetividade para tanto. A partir
das três formas de reconhecimento (amor, direito e estima), o autor contrapõe
suas respectivas formas de desrespeito, gerando os conflitos sociais.
Entretanto, para se configurar um conflito social, há a
necessidade de que o desapontamento não seja apenas individual; ou seja, deve
afetar um grupo de sujeitos, pelo menos. Nesse contexto, inserem-se os
movimentos a favor da legalidade da união homoafetiva.
O preconceito em relação à comunidade LGBT segue encrustado
na nossa sociedade. Os fortes valores religiosos, que preceituam que o
casamento tem caráter reprodutivo, dão margem à ideia de que o casamento entre
pessoas do mesmo sexo é “anormal” e errado. Porém, o direito de escolha movido
pelo afeto traz novos valores que estão sendo disseminados. E se estes e os
fatos pedem mudança, segundo a concepção de Miguel Reale, a norma há de mudar
ainda que lentamente, e é papel do Estado garantir os direitos de todas as
pessoas, respeitando a dignidade, a igualdade e a liberdade de todos, sem
qualquer discriminação – como prevê nossa Constituição. Um grande passo para
isso foi a decisão de reconhecimento da união estável homoafetiva pelo STF em
2011. O Poder Legislativo precisa parar de se omitir e mudar o conceito de
casamento do Código Civil vigente – por meio da aprovação da PLS 612/2011, dando respaldo às pessoas que não
têm seus direitos respeitados.
As lutas sociais, segundo o autor, são um meio para que os
indivíduos oprimidos saiam da inércia e parem de aceitar que seu modo de viver
é motivo de vergonha. O engajamento LGBT é essencial para a mudança da visão da
sociedade, além de mostrar que não estão sozinhos. O despertar da solidariedade
e da empatia na nossa realidade individualista é capaz de engendrar as mudanças
necessárias. Há a dúvida se a visibilidade dada hoje ao sofrimento gerado pelo
preconceito é movido por interesses de grupos sociais que visam se manter ou
aumentar seu poder ou se é fruto da luta por reconhecimento gerada pelo
desrespeito. Contudo, de qualquer forma, há que se aproveitar a plataforma
conquistada para assegurar os direitos civis de todos, independentemente da
orientação sexual, e assim, a igualdade material.
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